Há momentos em que a política deixa de ser escolha e passa a ser cansaço. Não cansaço do debate, que é saudável, mas cansaço da redução do país a dois nomes, duas biografias, dois ressentimentos que disputam o centro do palco como se o Brasil fosse um detalhe lateral. Quando a eleição se transforma em torcida, o país some. E quando o país some, todos perdem.
Lula e Bolsonaro não são projetos de futuro. São símbolos de um passado mal resolvido. Um carrega a herança de um poder que se acostumou a confundir Estado com partido. O outro expressa a reação bruta, muitas vezes ressentida, a esse mesmo sistema. Ambos se alimentam do conflito. Ambos precisam do inimigo para existir. E nisso há algo profundamente antibrasileiro.
O Brasil é maior do que essa dicotomia empobrecida. O Brasil real trabalha, paga impostos, educa filhos, cuida de pais idosos e tenta sobreviver a um Estado pesado, ineficiente e emocionalmente imaturo. Esse Brasil não se reconhece nos extremos, mas acaba refém deles.
Minha opção pelo Brasil é uma recusa consciente ao sequestro da inteligência. É a defesa de instituições fortes, responsabilidade fiscal, sensibilidade social e respeito à diversidade sem ideologia salvacionista. É entender que democracia não é gritaria permanente, mas construção paciente. Não é culto à personalidade, mas compromisso com limites.
Escolher o Brasil é escolher o que não cabe em slogans. É rejeitar o prazer infantil de vencer o outro e assumir a tarefa adulta de cuidar do todo. Enquanto a política insistir em nos dividir em dois campos emocionais, continuaremos andando em círculos. O país, no entanto, pede outro gesto. Mais silencioso. Mais responsável. Mais Brasil.
Gera Teixeira é empresário ítalo-brasileiro com atuação nos setores de construção civil e engenharia de telecomunicações. Graduado em Marketing, com formação executiva pela Fundação Dom Cabral e curso em Inovação pela Wharton School (EUA). Atualmente cursa Pós-graduação em Psicanálise e Contemporaneidade pela PUC. Atuou como jornalista colaborador em veículos de grande circulação no Ceará. Integrou o Comites Italiano Nordeste, órgão representativo vinculado ao Ministério das Relações Exteriores da Itália. Tem participação ativa no associativismo empresarial e sindical.






