Na semana que passou inúmeros textos e vídeos foram publicados analisando falas e ações da primeira-dama Janja da Silva. Machismo e misoginia para cá, patrimonialismo e contaminações do público pelo privado para lá, muito tempo se gastou com a questão. Há análises para todos os gostos.
Este autor está entre aqueles que vê clara confusão entre público e privado nos modos de pensar de Lula e Janja, tão ao gosto e na boa tradição do comportamento de nossa classe política.
Não há como não pensar na recente indicação do nome de uma ex-primeira-dama para o TCE do Ceará, seguida da aprovação quase unânime pela ALECE. É que não havia ninguém mais apropriado para o cargo. Não há culpa nenhuma na indicada; os críticos é que não entendem!
Na segunda-feira passada, enquanto assistia TV à noite, vi na propaganda partidária do Republicanos ninguém mais, ninguém menos do que a primeira-dama da capital, Cristiane Leitão. Apresentando as ações do “Republicanos Mulher” (esse slogan que todos os partidos agora repetem para postarem-se como “inclusivos”), Leitão postou-se como a estrela maior do partido. Sinal de uma campanha no ano que se aproxima para, bem ao gosto de nossa tradição política, ocupar a cadeira que era do seu esposo?
Se assim o for, segue à risca os passos de tantos outros sobrenomes da política cearense.
Pra não dizer que não falei de flores: nossa outra ex, Michelle, é agraciada com salário mensal de R$ 41 mil para presidir o PL Mulher. Conta abancada pelo erário, via fundo partidário.
Configura-se importante mérito na vida pública o fato de contrair esponsalidade com donos do poder, ou com aqueles que, um dia, venham a ser. É que a família, como disse Gilberto Freyre nos anos 1930, é o braço fundador e estruturador da vida política e cultural da nação.
Viva à (tradicional) família!