
O fato: O governo federal ampliou em mais de R$ 116 milhões o orçamento destinado à comunicação da Presidência da República em 2025, elevando o total para R$ 876 milhões. O aumento, às vésperas de um ano eleitoral, consolida o maior volume de recursos aplicados na área desde 2017 e reforça o peso da Secretaria de Comunicação Social (Secom) dentro da estrutura do Executivo.
Contexto: A expansão ocorre em um cenário de restrição orçamentária que atinge outras pastas do governo. Enquanto a Secom recebe reforço de verbas, órgãos como a Polícia Federal e o Ministério da Educação enfrentam dificuldades para financiar operações básicas, a PF busca R$ 97,5 milhões para emissão de passaportes, e a Educação ainda não dispõe de recursos suficientes para a compra de materiais didáticos.
Os números: Do total previsto para 2025, R$ 562 milhões são destinados à publicidade institucional, distribuídos entre quatro agências de comunicação. Entre as principais campanhas estão a “Brasil soberano”, com R$ 85 milhões, e a divulgação do programa Gás do Povo, com R$ 30 milhões. Além disso, o governo deve liberar mais R$ 100 milhões anuais para um novo contrato de comunicação digital, voltado à produção de vídeos, podcasts e conteúdos para redes sociais.
Os documentos da licitação indicam que o governo pretende produzir cerca de 3 mil vídeos por ano, em diferentes formatos. Apenas os conteúdos com apresentador, 576 no total, devem custar R$ 21,4 mil cada, somando R$ 12,3 milhões.
Estratégia: Sob comando de Sidônio Palmeira, a Secom ampliou os investimentos em anúncios digitais e na contratação de influenciadores, apostando em formatos mais curtos e virais para aumentar o alcance das mensagens do governo. A orientação reflete a prioridade do Planalto em fortalecer sua presença nas redes, com foco em programas como Pé-de-Meia, Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida.
Os impactos: A ampliação das verbas de comunicação coincidiu com cortes em outros ministérios, parte de uma movimentação orçamentária de R$ 2,4 bilhões. Um dos órgãos mais afetados foi o INSS, que perdeu R$ 190 milhões, quantia que pode comprometer o processamento da folha de pagamento de benefícios previdenciários.
Argumento oficial: Em nota, a Secom justificou o aumento dizendo que a legislação prevê ações de comunicação voltadas à divulgação de políticas públicas e direitos da população. A pasta afirmou ainda que parte do seu orçamento foi bloqueada e que o reforço financeiro de R$ 90 milhões tem como objetivo garantir campanhas com maior alcance temático e regional.






