O fato: As contas do governo central registraram déficit de R$ 15,6 bilhões em agosto de 2025, informou o Tesouro Nacional nesta segunda-feira (29). Apesar do saldo negativo, é o melhor desempenho para o mês desde 2021, quando o rombo foi de R$ 11,3 bilhões (em valores corrigidos pela inflação).
O contexto: No acumulado de janeiro a agosto, o déficit primário soma R$ 86,1 bilhões, também o melhor resultado desde 2022, quando houve superávit de R$ 26,6 bilhões. As contas englobam Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social.
O que explica:
- As despesas totais avançaram 5,3% em agosto ante igual mês de 2024 e 2,4% no acumulado do ano.
- O principal motor foi o BPC (Benefício de Prestação Continuada), que cresceu 9,9% acima da inflação em agosto, alcançando R$ 10,9 bilhões no mês. De janeiro a agosto, o gasto acumulado chega a R$ 85,3 bilhões, alta real de 10,7%.
- Também pressionaram os números os benefícios previdenciários (+2,9% reais em agosto) e os gastos com pessoal (+7,6% reais).
As receitas líquidas de transferências mostraram fôlego, com alta real de 11,1% em agosto e de 3,9% no ano, ajudando a suavizar o impacto do aumento das despesas.
O desafio: O governo Lula (PT) persegue em 2025 a meta de déficit zero, mas a regra permite tolerância de até R$ 31 bilhões negativos. Parte das despesas, como precatórios e devoluções do INSS, fica fora do cálculo oficial.
A equipe econômica estima que o saldo efetivo do ano fique em R$ 73,5 bilhões de déficit, sendo R$ 30,2 bilhões considerados na meta fiscal, valor dentro da margem de tolerância.