As importações de soja pela China registraram um aumento de 2,9% em julho em comparação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira (7) pela Administração Geral de Alfândega (GACC). O país asiático, maior comprador mundial da oleaginosa, importou 9,85 milhões de toneladas no mês, um número inferior às expectativas do mercado, que variavam entre 12 milhões e 13 milhões de toneladas.
Apesar do aumento registrado em julho, as importações acumuladas nos primeiros sete meses de 2024 totalizaram 58,33 milhões de toneladas, representando uma queda de 1,3% em relação ao mesmo período de 2023. Esse leve declínio reflete um cenário de excesso de oferta de grãos na China, combinado com uma demanda enfraquecida por ração animal, o que pode impactar negativamente as compras chinesas no quarto trimestre, tradicionalmente a época de pico das exportações de grãos dos Estados Unidos.
A soja é um insumo vital para a produção de farelo de proteína usado na alimentação de rebanhos e óleo de cozinha. No entanto, as margens de esmagamento de soja na China têm sido negativas desde o final de maio, com as processadoras de Rizhao, principal centro de esmagamento do país, registrando perdas superiores a 500 iuanes (cerca de US$ 69,59) por tonelada processada. A demanda por carne suína e outras proteínas também tem caído, refletindo um aperto nos orçamentos dos consumidores chineses em meio a uma recuperação econômica ainda instável. Isso levou muitos criadores a reduzir o tamanho de seus rebanhos, diminuindo a demanda por ração.
O mercado internacional de soja também tem enfrentado desafios. Os futuros da soja em Chicago estão sendo negociados próximos aos seus níveis mais baixos desde outubro de 2020, influenciados por expectativas de condições climáticas mais favoráveis para as colheitas nos Estados Unidos e preocupações com uma possível desaceleração econômica global. Nos principais estados produtores de soja dos EUA, como Iowa, Indiana, Illinois e Ohio, agricultores têm esvaziado seus silos após manterem os estoques por meses, na esperança de uma recuperação nos preços que não se materializou.
No Brasil, maior produtor mundial de soja, o crescimento da área cultivada na safra 2024/25 deve desacelerar em comparação às temporadas anteriores. Segundo a Aprosoja Brasil, essa tendência está ligada aos preços futuros da commodity, que estão próximos de uma baixa de quatro anos.