O que importa
O avanço das “armas-fantasmas” — fabricadas com impressoras 3D e sem número de série — amplia brechas na fiscalização de armamentos no Brasil. Só entre 2024 e 2025, foram ao menos sete apreensões em cinco estados (O Globo).
🧩 Em muitos casos, elas surgem em comunidades dominadas por facções, abastecendo o crime organizado com armamentos de difícil rastreio.
📍 A maior concentração dos casos está no Sul: só no Rio Grande do Sul, duas fábricas foram desmontadas neste ano, com a apreensão de impressoras, carregadores e insumos.
🔧 Em vez de importar o fuzil inteiro, o novo padrão do crime é imprimir as partes plásticas e trazer de fora apenas os componentes mais difíceis de fazer.
Modo de produção
As impressoras 3D permitem que criminosos fabriquem armas letais a partir de materiais plásticos e digitais baixados da internet. O equipamento custa pouco, e os projetos circulam em redes libertárias, com argumentos ideológicos anti-Estado.
💬 “São quase impossíveis de rastrear”, diz Roberto Uchôa, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
💣 Para ele, o maior risco é a popularização entre extremistas — como neonazistas investigados em SC, que estudavam formas de atacar moradores de rua.
Casos no mapa
📍 São Leopoldo (RS) — Apartamento transformado em fábrica. Foram apreendidos 59 carregadores e quatro impressoras.
📍 Portão (RS) — Homem de 23 anos preso por vender fuzis impressos para o crime local.
📍 Benevides (PA) — PRF intercepta armas e 53 kg de skunk na BR-316.
📍 Tubarão (SC), São Paulo e Goiás — Registros de fábricas clandestinas e manuais em operações da polícia.
Ideologia armada
Zé Carioca, avatar digital de um brasileiro anônimo, virou referência global no universo das armas 3D.
🦜 Em seu perfil no X, lançou a Urutau, arma “feita em casa”, testada nos EUA e projetada no Brasil.
📹 O comercial da arma cita as emendas da Constituição americana como inspiração, com viés libertário radical.
🔗 Ligado à cena de criptomoedas e filosofia armamentista, Zé afirma que “o direito de portar armas é um direito humano fundamental”.
Brechas legais
Apesar da proliferação, ainda não há lei específica no Brasil para regulamentar a produção ou divulgação de armamentos via impressoras 3D.
⚖️ Segundo a professora Maíra Fernandes, da FGV, imprimir esse tipo de arma configura crime mesmo para quem tem registro como CAC.
📎 “Elas não têm identificação, nem controle técnico. Não há respaldo legal para isso”, afirma.
🧨 A divulgação online de projetos pode ser enquadrada, em tese, no Estatuto do Desarmamento — mas a norma é genérica e o debate jurídico ainda é raso.
Para entender melhor
🔍 A primeira arma impressa apareceu em 2013. A mais recente foi usada num ataque nos EUA, reacendendo o debate global.
🌐 Fabricadas de forma descentralizada, essas armas hoje já aparecem em mãos de dissidentes do IRA e grupos neonazistas europeus.