
O fato: a produção industrial brasileira se manteve estável em setembro, enquanto os estoques cresceram e o emprego caiu, segundo a Sondagem Industrial divulgada nesta segunda-feira (20/10) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A demanda interna abaixo do esperado é apontada como principal fator para o cenário.
Em setembro, o índice de evolução da produção registrou 50,1 pontos, próximo da linha divisória de 50, indicando estabilidade. O índice de emprego caiu para 48,9 pontos, sinalizando redução no número de trabalhadores. O estoque efetivo subiu para 50,7 pontos, acima do planejado, e a capacidade instalada operou em 70%, dois pontos abaixo de setembro de 2024.
Segundo Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI, o acúmulo de estoques mesmo com queda da produção mostra que a demanda surpreendeu negativamente os empresários.
Situação financeira e crédito: o índice de satisfação com a situação financeira avançou de 48,4 para 48,9 pontos, ainda abaixo da linha de 50, e o lucro operacional subiu de 42,8 para 43,6 pontos. O acesso ao crédito permanece restrito, em 40,3 pontos, e o índice de preços das matérias-primas caiu 1,8 ponto, para 55,2, refletindo menor pressão nos custos de produção.
Desafios e expectativas: os empresários destacam carga tributária elevada (37,8%), demanda interna insuficiente (28,8%) e altas taxas de juros (27,3%) como principais obstáculos. Também foram citados custos e escassez de mão de obra qualificada (22,9%) e competição desleal (19,1%).
Para exportações, o índice subiu para 48,6 pontos, ainda abaixo da linha de estabilidade. Expectativas para emprego e compras de matérias-primas recuaram, enquanto o otimismo com a demanda interna avançou levemente para 52,5 pontos. O índice de intenção de investimento subiu de 54,4 para 54,8 pontos, recuperando parcialmente perdas desde dezembro de 2024.
Metodologia: a pesquisa entrevistou 1.423 empresas, sendo 592 pequenas, 494 médias e 337 grandes, entre 1º e 10 de outubro de 2025.