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J.Macêdo: o pós-pandemia, a mistura para bolo e o sonho de Amarílio

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Amarílio Macêdo, CEO e empresário da J.Macêdo. Foto: Divulgação
Amarílio Macêdo, CEO  e empresário da J.Macêdo CAP. Foto: Divulgação

A J.Macêdo, uma das maiores companhias de alimentos do Brasil, completa 85 anos.

Líder e referência nacional nos segmentos de farinha de trigo e misturas para bolos e uma das marcas mais importantes de massas do país, a empresa segue um robusto plano de expansão para Horizonte, no Interior do Ceará e Londrina, no Paraná.

Em 2024, iniciou a construção de dois novos complexos industriais, com um investimento total de cerca de R$ 500 milhões. A planta paranaense produzirá farinhas especiais e contará com um moinho de alta tecnologia, além de um novo centro de distribuição. Em Horizonte, será erguido um complexo com a mais moderna indústria de massas alimentícias das Américas.

Os planos e as realizações da empresa, bem como um sonho pessoal, foram compartilhados pelo empresário Amarílio Macêdo, filho de do fundador e CEO da J.Macêdo CAP, em entrevista a veículos de comunicação cearenses, entre eles o Focus Poder. Confira:

Focus Poder: Como foi a pandemia para a J.Macêdo?

Amarílio Macêdo: “A gente vê que os números foram bem robustos, bem consistentes, e como é que está essa crescente aí para os próximos anos? Ela não está associada à pandemia, mas à mudança significativa que nós fizemos quando voltamos a gestão da empresa para a prata da casa.

Nós passamos, por um período, olhando para outros potenciais fora da empresa, mas nos convencemos que ninguém melhor do que as pessoas formadas em J. Macêdo entendem de J. Macêdo. Mas sobre a pandemia que você colocou, ela, de certa maneira, nos beneficiou um pouco, porque as famílias, aliás, as pessoas que trabalham sem poder sair de casa, e os filhos também sem poder sair de casa, tinham que arranjar algumas coisas para ocupar o tempo de uma maneira alegre e tal. E, por exemplo, a mistura para bolo cresceu, porque nunca fizeram tanto bolo em casa durante a pandemia.”

A J.Macêdo pretende buscar outros mercados? Algo no exterior?

Amarílio: “A única coisa que eu posso dizer é que J. Macêdo tem um espaço fabuloso no Brasil. Então, qualquer crescimento no Brasil dá um retorno sempre maior do que se a gente for aprender outra cultura, mas depois, se nos estabelecermos em outras condições culturais, que isso pesa profundamente.”

Como o senhor avalia os 85 anos da empresa? 

Amarílio: “A primeira coisa: O José Macêdo descobriu que o sucesso dele estava vinculado a trabalhar com pessoas que sabem mais do que ele. Com o passar do tempo, ele descobriu que as esposas dos empreendedores não eram predestinadas por Deus para parir executivo e administrador. Mais na frente, ele foi descobrindo que era importante você ter uma proteção para o desenvolvimento.

Então, essa sequência de descobertas e de diretrizes organizacionais foram evoluindo permanentemente. A partir dos anos 70, ele limitou a entrada de parentes no negócio. Porque o objetivo era colocar pessoas que soubessem mais do que nós sabemos para poder dar robustez e sustentabilidade ao negócio. Então, olhar para frente, é uma questão de mudança geracional. A mudança da primeira para a segunda geração, ela foi um grande período, porque o Roberto Macêdo e eu, sempre fomos os únicos de terceira geração que trabalhamos com a empresa. A nossa convivência com essa fase da primeira geração, ela era a coisa mais natural do mundo. Eu comecei como office boy, levando papel de mesa para todo mundo. E à medida que nós nos capacitamos para assumir novas posições, trazer gente nova, naturalmente eles foram se retraindo.

Por exemplo, todas as empresas ativas do J. Macêdo foram administradas por profissionais. Não por familiares. E esses profissionais ou vieram da Engenharia, que eram da turma do Roberto, ele conhecia quem eram os mais brilhantes, ou da minha turma de Economia. Quando a gente comprava uma empresa lá em Londrina, um cearense ia para tomar conta. Mas, o que nós estamos fazendo agora, sobretudo Roberto e eu, é colocar a terceira geração já em condições muito relevantes. Nem eu sou conselheiro da nossa principal empresa, o J. Macêdo S.A., nem o Roberto. Todos os conselheiros são filhos de acionistas votantes. Então, são quatro ramas. E nós ficamos, não é nem na retaguarda, é distante mesmo. A gente dá palpite dentro de casa, mas não adianta entrar.”

Esse é o segredo do sucesso?

Amarílio: “Esse é o segredo. O futuro está na permanência desse processo de formação e de atração de gente mais competente e de encaixar as pessoas competentes da família em funções que não são aplicadas. São funções operacionais. São funções de conselho, são funções de acompanhamento do bom desempenho da gestão.”

Investir em educação e cultura é uma preocupação do grupo?

Amarílio: “Quando a J.Macêdo completou, não sei se foi 75 anos, ela trouxe a orquestra de Hamburgo para a Concha Acústica na Universidade Federal de Ceará.

Sobre educação, nós tivemos planos de reduzir a zero o analfabetismo, que era muito grande até o final dos anos 1960, em todas as nossas plantas. Um esforço elementar. Nós temos algumas escolas, mas essas hoje são administradas pela prefeitura. A instalação física nos pertence, mas são administradas. Nós fizemos a primeira escola de formação técnica de operadores de, que funcionava ano Mucuripe, que formou gente para muitos países de língua latina. No Brasil, ainda hoje, é a única.”

A empresa está preparada para negociar suas ações na B3?

Amarílio: “Durante mais de 40 anos, os fundadores reinvestiram todo o resultado, todo o lucro que a empresa ganhou. A companhia cresce muito mais. A empresa cresce em proporção aritmética e a família em proporção ambiental. Isso muda essa condição de só reinvestir. A nossa prioridade é reinvestir o máximo que for possível. Em alguma circunstância que possa aparecer uma oportunidade que numericamente e que se comprovadamente ajude a robustecer dividindo alguma coisa com um capital de terceiros, obviamente, o chão vai ser examinado. Mas esse momento não chegou e nós estamos dando conta do recado, com pouco endividamento.”

O senhor tem um sonho a ser realizado em vida?

“É difícil a pergunta, mas quem é que vive sem sonho? É impossível. Para mim o meu maior sonho é antes de fazer a ‘grande viagem’ é ver o Brasil com a desigualdade social em processo de decréscimo. Uma das maiores preocupações que eu tenho é que ainda hoje a concentração de renda no Brasil é progressiva e o aumento do bolsão de desigualdade também é progressivo. Eu não acredito que haja sustentabilidade havendo desigualdade, então a gente de certa maneira está acumulando um potencial de problema que a gente não sabe até onde vai checar.

Quando todos vão muito bem, entre outras coisas, é por causa do mercado. E o mercado não é nada mais nada menos do que o conjunto de todas as pessoas que consomem. Eu acho que é muito importante o pensamento estratégico de longo prazo. É preciso acelerar a diminuição da desigualdade. O meu sonho é este.”

Recentemente o senhor entrou na lista dos bilionários da Forbes…

Amarílio: “Eu não sei se você conhece uma historinha que ligaram para a casa de uma pessoa e aí o camarada que estava ligando perguntou: ‘Aí é da casa do Edson Queiroz?’.  Aí a pessoa que atendeu disse: ‘ah, se fosse’. Então a minha resposta passa por aí. Porque a questão é a seguinte, a Forbes olha o poderio econômico de uma empresa familiar e identifica nessa empresa familiar uma pessoa que tem um destaque ou um trânsito nacional que se destaca entre os outros. Então eu sou apenas a pessoa que se destaca e fico com essa responsabilidade.”

Aos 85 anos, J.Macêdo mostra músculos para um futuro com ainda mais força

 

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