
O fato: A edição de domingo, 18, do jornal americano Chicago Sun-Times virou alvo de críticas após publicar uma lista de leitura com livros inexistentes e reportagens que citavam fontes inventadas, todos gerados por inteligência artificial (IA). O conteúdo fazia parte de uma seção especial de 64 páginas intitulada “Índice de calor: seu guia para o melhor do verão”.
Em nota oficial, o jornal afirmou que a seção foi produzida por um parceiro externo e que não contou com a participação de sua equipe editorial. Como medida de contenção, a versão digital da lista foi retirada do ar, e os assinantes da versão impressa não serão cobrados pela edição.
Livros e fontes fictícias: Entre as indicações de leitura da lista, constavam obras inexistentes, atribuídas a autores reais. É o caso de Nightshade Market, supostamente escrito por Min Jin Lee, e Boiling Point, creditado à autora Rebecca Makkai — ambos livros fictícios. O nome do jornalista freelancer Marco Buscaglia, autor da lista, aparece em outras matérias do jornal, incluindo uma sobre redes sociais que também continha citações de especialistas fantasmas.
Em entrevista ao próprio Chicago Sun-Times, Buscaglia admitiu ter usado inteligência artificial para compilar as informações e não ter checado os dados antes de enviá-los à King Features Syndicate, empresa responsável pela produção do material. “Estupidamente, e 100% culpa minha, acabei de republicar esta lista que [um programa de IA] divulgou”, declarou.
Problema atinge outros veículos: O caso não se restringe ao Chicago Sun-Times. O jornal Philadelphia Inquirer, também dos Estados Unidos, já havia publicado uma seção semelhante com conteúdo fornecido pela mesma empresa e reconheceu que parte do material era “aparentemente fabricado, totalmente falso ou enganoso”.
A King Features Syndicate, por sua vez, informou que rescindiu o contrato com Marco Buscaglia por violação de sua política editorial. Em comunicado, a empresa disse estar colaborando com os poucos clientes que adquiriram a edição e lamentou o ocorrido.
Reação do jornal: De acordo com o Chicago Sun-Times, Melissa Bell, CEO da Chicago Public Media — entidade que administra o jornal — classificou o episódio como “inaceitável”. Bell destacou que o conteúdo deveria ter sido claramente identificado como produzido fora da redação e prometeu total transparência na apuração do caso. Ela também afirmou que a organização está reavaliando o relacionamento com o parceiro de conteúdo envolvido.