Nada como o tempo para definir o real significado dos fatos. Bom exemplo ocorreu naquela tarde de março, quando o governador Camilo Santana recebeu Luizianne Lins, a pedido dela, para uma conversa sobre a sucessão estadual.
Luizianne foi para defender sua posição em favor de uma candidatura própria para o partido de ambos. A premissa era a prioridade máxima de eleger Lula presidente. Logo, ele deveria contar com palanque próprio no Ceará, onde Ciro Gomes também era candidato.
Naquele momento, a tese era ousada demais, sobretudo para o moderado Camilo. Significaria romper a aliança de 16 anos com o grupo Ferreira Gomes. Mas o processo político deu à tese pertinência inevitável e revelou que a liderança emergente de Camilo e o projeto personalista de Ciro Gomes já não caberiam no mesmo elevador.
Ao fim, o companheiro deles alçado ao Palácio da Abolição foi Elmano de Freitas, que se projetou na vida pública a partir de oportunidades de participação oferecidas por ela, Luizianne.
Tudo isso apenas para dar sentido claro à declaração recente de Elmano sobre a sucessão de Fortaleza, já no próximo ano, quando sugeriu, na presença de outro pretendente, Evandro Leitão, que Luizianne voltará ao Palácio do Bispo – uma explícita declaração de apoio. Apoio de governador. Veja o vídeo.
Bom lembrar que durante a semana toda houve exibida movimentação de deputados, adeptos de uma transferência de Evandro para a sigla do PT já na condição de candidato posto – algo inédito na longa história do partido.
Pela reação de Elmano, a manobra pareceu ter uma falha grave: esqueceram de conversar com logo quem! – o governador que, pela explicitude de sua reação, certamente viu na coisa uma tentativa de atropelamento.