Lula aposta em novo crédito imobiliário para reconquistar voto da classe média

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Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante Entrevista para a TV Bahia. Salvador – BA.
Foto: Ricardo Stuckert / PR

Por que importa

O governo Lula tenta destravar a compra da casa própria para a classe média, público que sente no bolso a dificuldade de acessar financiamento. O objetivo é reaquecer o setor, dar alívio a bancos e, politicamente, recuperar fôlego em um momento de queda de popularidade.


O que muda

Um novo modelo de financiamento habitacional foi levado ao presidente:

  • Valor: imóveis de até R$ 1,5 milhão.

  • Fonte de recursos: flexibilizar regras da poupança e ampliar contratos indexados ao IPCA.

  • Ideia: destravar até R$ 80 bilhões em novos empréstimos, sem abrir mão do controle de liquidez do Banco Central.


Como funciona

Hoje, 65% dos depósitos da poupança vão obrigatoriamente para o crédito imobiliário. Outros 20% ficam presos no Banco Central como compulsório.

O BC estuda dar um “bônus” de liberdade para os bancos: a cada R$ 1 a mais liberado para habitação, a instituição ganha o direito de aplicar o mesmo valor em crédito livre — mais rentável para o banco. Assim, o setor se anima a emprestar mais para a classe média.


A aposta no IPCA

Além disso, o governo quer tornar mais atraente o crédito corrigido pelo IPCA. Hoje, só 2% dos contratos habitacionais usam essa indexação, porque a inflação alta encarece o saldo devedor ao longo de 30 anos.

A ideia é amortizar mais parcelas logo no início para reduzir o impacto da inflação depois. Com isso, os bancos podem captar recursos no mercado com títulos ligados à inflação — e não ficar só na poupança, que perde força.


O que Lula quer ganhar

Alívio para famílias de renda média, que sonham com a casa própria, mas ficaram espremidas entre juros altos e poucas opções de crédito.
Resgate de popularidade, mirando um eleitor que abandonou o PT nos últimos anos.
Retomada da construção civil, motor importante para gerar emprego.


Por que é arriscado

🔍 Timing político: economistas veem interesse eleitoral no momento da medida.
🔍 Poupança ainda essencial: mesmo com alternativas, o setor imobiliário segue dependente da caderneta e do FGTS.
🔍 Inflação e Selic alta: sem redução consistente de juros, o crédito imobiliário no Brasil ainda pesa no orçamento das famílias.

“O melhor dos mundos seria não depender da poupança e do FGTS, mas com juros elevados, não tem saída. Ainda precisamos deles”, diz Ana Maria Castelo, do FGV Ibre.


Contexto histórico

O Brasil usa regras de direcionamento de poupança para habitação desde os anos 1960. Nas décadas seguintes, tentativas de copiar o modelo americano — com mercado secundário forte — nunca saíram do papel por causa da montanha de juros que encarece o financiamento de longo prazo.


O que esperar agora

📌 O esboço foi discutido por Lula, BC, Fazenda, Caixa e Ministérios.
📌 O governo apresentará a proposta ao mercado imobiliário e a bancos nas próximas semanas.
📌 A versão final deve sair até o segundo semestre — e mira a classe média como novo pilar eleitoral.

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