
O fato: A Páscoa de 2025 mostrou a força do consumo de produtos tradicionais mesmo diante da alta de preços. De acordo com a empresa de logística rodoviária JSL, foram mais de 1,8 milhão de caixas de ovos de chocolate transportadas para o comércio em todo o país, representando um crescimento de 30% em relação ao mesmo período do ano passado.
Além dos chocolates, a demanda por pescados também aumentou. A JSL registrou mil toneladas a mais de peixes importados em comparação com a média dos demais meses do ano, impulsionando a operação logística. O CEO da empresa, Ramon Alcaraz, afirmou em entrevista à CNN que a alta na produção e no consumo exigiu a ampliação da frota de caminhões e do número de trabalhadores. “O consumo poderia estar melhor? Poderia. Mas ele não diminuiu proporcionalmente. A economia não está bombando, mas também não está ruim”, avaliou.
Inflação pressiona, mas não freia consumo: O movimento acontece em meio a um cenário de inflação ainda persistente. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou março em 0,56%. O grupo Alimentação e Bebidas teve peso decisivo, respondendo por 45% do índice do mês, com uma alta de 1,17% – acima dos 0,70% registrados em fevereiro.
Entre os itens típicos da Páscoa, o impacto é ainda maior. Levantamento da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) aponta que os preços dos chocolates subiram 27%, enquanto os bombons ficaram 13,5% mais caros e os ovos de Páscoa, 9,5%. O aumento está ligado à valorização do cacau, cuja produção enfrenta dificuldades em diversas regiões produtoras.
Mercado resiliente e desafios logísticos: Apesar da pressão inflacionária e do aperto nas finanças das famílias, o consumo segue resiliente. Segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o consumo nos lares brasileiros caiu 4,25% em fevereiro deste ano frente ao mês anterior, mas avançou 2,25% na comparação com fevereiro de 2024.
Para o setor logístico, os desafios continuam. Além da inflação, a alta da taxa Selic – atualmente em 14,25% ao ano – dificulta os investimentos. “Somos uma empresa que cresce dois dígitos há vários anos e, para isso, precisamos captar recursos. O custo de capital aumentou muito com os juros, e isso pesa no nosso negócio”, explicou Alcaraz.
O executivo também mencionou os altos preços do diesel e das peças automotivas como fatores que pressionam os custos operacionais. Sobre as tarifas impostas pelos Estados Unidos, ele afirmou que a empresa acompanha a situação com cautela: “Estamos atentos, mas ainda sem impactos diretos”.