O vício da jogatina eletrônica já não se limita às telas — contamina a política, o orçamento e até o teto das famílias brasileiras.
Enquanto 13% dos inquilinos admitem ter atrasado o aluguel por causa das apostas online, em Brasília, uma bancada discreta e poderosa transformou uma CPI em pizza e barrou o aumento de impostos para o setor.
🔹 Nas ruas: a pesquisa da Loft mostra que o jogo digital virou um vício que atravessa classes e gerações. Jovens de 18 a 24 anos são os mais afetados — 36% já deixaram de pagar o aluguel ou conhecem alguém que o fez. A promessa de lucro fácil virou dívida real.
🔹 Nos gabinetes: a chamada bancada das bets, liderada por Ciro Nogueira (PP-PI), atuou para proteger as casas de apostas. Foram 12 parlamentares identificados, do PT ao PL, movendo emendas, travando CPI e derrubando o aumento de imposto proposto por Fernando Haddad.
Resultado: o governo perdeu R$ 20 bilhões e o país, mais uma oportunidade de colocar freio num mercado que lucra com a ilusão alheia.
🔹 O contraste: nas periferias, o jogo eletrônico toma o lugar do lazer e consome o aluguel; no Congresso, ganha blindagem, jatinhos e influência.
Vá mais fundo:
As bets se tornaram um dos negócios mais lucrativos e menos regulados do Brasil — amparadas por publicidade agressiva, influenciadores e uma máquina de lobby que opera acima da fiscalização.
Enquanto o Estado discute moralidade, o dinheiro das famílias evapora e o das apostas se multiplica.
No país que mistura vício e poder, quem joga perde — e quem legisla, aposta.