Enquanto blocos do PDT disputam o controle do partido, um destacado membro, Evandro Leitão, já faz as malas em busca de pouso mais sereno, onde o presidente da Alece pretende garantir candidatura para a prefeitura de Fortaleza, estribado no apoio declarado do ministro da Educação, Camilo Santana.
Por unanimidade, a justiça eleitoral aprovou sua saída do PDT sem perda de mandato. O plano A seria assinar filiação ao Partido dos Trabalhadores já exibindo o crachá de candidato – manobra inédita na tradição orgânica do PT.
O ineditismo da manobra, rejeitada pela maioria do diretório municipal, não é o único obstáculo. Outros bois pastam na linha: dois movimentos recentes no partido de Lula criaram dificuldades adicionais para o projeto patrocinado por Camilo.
Um, torna inútil filiações em massa com objetivo de alterar a composição do diretório: só vai votar quem já se encontra hoje no partido. O outro, restringe a possibilidade de consultas prévias à base caso dois terços do diretório não se disponha a alargar a escolha.
Em ambos, a grande beneficiada é a deputada Luizianne Lins em seu desejo de retornar ao Palácio do Bispo. E o maior prejudicado é o roteiro de condução de Evandro Leitão a candidato com apoio de Lula, Elmano e Camilo.
Caso não se encontre um modo civilizado de remover a pedra Luizianne do sapato de Camilo, Evandro terá de se abrigar em outra legenda para persistir na disputa. A opção natural seria o PSB, agora realinhado com o governo Elmano.
Sem poder, por força da lei eleitoral, exibir sua foto ao lado de Lula, Camilo e Elmano, Evandro teria que afirmar sua personalidade, em percurso aparentemente solitário, em meio a um quadro competitivo.
José Sarto (ou Roberto Cláudio?) seria candidato abastecido pela máquina. Capitão Wagner atrairia o antipetismo e o eleitor conservador da periferia. Luizianne seria a candidata do governador e do muito popular presidente Lula.
Nesse quadro, Evandro Leitão seria, num primeiro turno de disputa acirrada, candidato de que bandeira e estrutura, exatamente? Não estaria desprovido de um palanque com bons recursos. Mas seria o bastante?
Com certeza, uma candidatura de definição menos substantiva que as demais. Não há ainda cenário testado em pesquisas de opinião para esse quadro. Mas Evandro disputaria sob que diferencial – isto é, a pretexto de quê? Eis a questão.
