Demorou cinco dias para que a vereadora Priscila Costa (PL) se pronunciasse, após os movimentos que se seguiram ao discurso de Michelle Bolsonaro (PL) no último domingo (30/11) durante evento de lançamento da pré-candidatura do senador Eduardo Girão (NOVO) ao governo do Ceará.
Registre-se que, na propagação do referido lançamento, Priscila constava como uma das presenças confirmadas, sendo fiadora da candidatura de Girão, mesmo com as diversas sinalizações de seu partido, o PL, como apoiador do projeto do agora novamente tucano Ciro Gomes (PSDB), o que podia soar, e soou, como desobediência partidária; ou melhor, como desobediência ao líder André Fernandes.
Além disso, Priscila é a maior interessada em um eventual “não” do PL à candidatura de Ciro Gomes, uma vez que, nesta chapa, a vaga senatorial já está dinasticamente reservada ao “pai do líder”, ou seja, ao deputado Alcides Fernandes (PL).
Pois bem, de domingo para cá muitos movimentos se deram, muitas declarações, intrigas familiares vieram à tona, pedidos de desculpas e supostas orações – tudo compondo o enredo em nome da pureza ideológica e da união partidária em torno do líder maior, Jair Bolsonaro, que cumpre pena por tentativa de abolição do estado democrático de direito.
Enquanto isso, Priscila permanecia em silêncio, como eu mesmo anotei em outro texto publicado no Focus Poder (ler aqui: https://focuspoder.com.br/priscila-silencia-flavio-fala/).
O fato é que, nesta semana, grupos ligados a André terem publicizados várias postagens alegando que Michelle estava “desavisada” das coisas que se passavam no Ceará, e que isso não era de responsabilidade de André, mas de quem estava ciceroneando-a (leia-se “Priscila”), chegando mesmo a dizerem que “nossa querida primeira dama foi omitida da verdade” e que ela havia sido “induzida ao erro“.
Assim, nesta quinta-feira (04/12), a temperatura esquentou ainda mais para Priscila: sua correligionária, deputada Silvana Pereira, afirmou existir “falta de diálogo” da vereadora com a oposição, não havendo “convencimento” do grupo acerca da competitividade de Priscila, que parece não querer “conquistar” o grupo para si, pensando poder eleger-se com quem não vota no Ceará, quando quem pode elegê-la é “o povo do estado do Ceará e as lideranças“.
Então, nessa sexta (05/12), Priscila resolveu falar; ou melhor, publicar vídeo em que se vê parte de seu discurso na última edição do PL Mulher, em Caucaia:

“[…] existe uma nação invisível que quem enxerga são as mulheres. Muitos surdos eram invisíveis, mas quem enxergou foi uma mulher: Michelle Bolsonaro […] Por que nós, mulheres, precisamos estar na posição certa”.
O recado é óbvio: das mulheres é que virá o milagre em torno daqueles que são “surdos” – seria a surdez, aqui, a resistência a escutar a voz de Michelle contra a aliança pragmática com Ciro Gomes? Michelle é aquela que deu visibilidade e fez escutar. Escute-se, pois, o recado da ex-primeira dama: não à Ciro Gomes! Para fechar: mulheres (Michelle e Priscila) precisam estar “na posição certa” – Michelle liderando o bolsonarismo e Priscila na senatorial!
Resta saber, parafraseando o Evangelho, se quem tem ouvidos para ouvir, ouvirá; ou se a mensagem permanecerá emudecida e as mulheres na posição “errada”.
A julgar pelo teor do vídeo, a batalha interna ainda terá muitos episódios.







