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PDT e PT: A díficil travessia para unidade. Por Ricardo Alcântara

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Conduzido temporariamente à presidência do PDT/Ceará por um acordo pouco esclarecido em alguns aspectos, o senador Cid Gomes tem advogado em favor de uma articulação nacional entre os partidos para conduzir o seu a uma coligação com o PT em torno de um candidato comum à prefeitura de Fortaleza nas eleições do próximo ano. É sobre isso que se comenta neste artigo.

Em política, não há decisão sem vítima. Retóricas à parte, a raposa a ser abatida nessa estratégia de construir uma decisão por cima sobre os rumos do PT em Fortaleza chama-se Luizianne Lins, que quer ser candidata mais uma vez e sabe-se lá até quando. A deputada estriba sua pretensão em um bom recall – identificado pela pesquisa mais recente em 27% de intenções – e, principalmente, na dificuldade que seria demover o diretório municipal do desejo de lançar candidatura própria com nome identificado com o PT histórico, sem dar margem para a ampliação da influência de tendência crescente do senador Camilo Santana dentro do partido.

Em Fortaleza, aventar intervenções do diretório nacional em decisões locais é falar de corda em casa de enforcado: ainda está viva na memória de todos o fracasso de 2004, quando se tentou impor a candidatura de Inácio Arruda, do PCdoB, e o diretório municipal impôs o nome, enfim eleito, da mesma Luizanne que é alvo agora de nova tentativa de remoção.

A ressalva vale um parágrafo para demonstrar que há problemas na pretensão da deputada. Embora surja nas pesquisas com um percentual de largada de 27% (é muito, considerando aí uma partilha de votos por mais de três candidatos com musculatura), a rejeição consolidada ao seu nome também é das maiores – equação bem definida por Cid Gomes em entrevista recente: “Ela tem um piso alto, mas tem o teto baixo”. Falou e disse.

Outro grande obstáculo para uma coligação PDT/PT em Fortaleza é o desejo manifesto do prefeito José Sarto de tentar um novo mandato – uma prerrogativa à margem das obrigações legais, mas, digamos assim, de decorrência natural. De cara, Sarto luta como pode pressionado por três fatores de fragilidade: 1) A grana está curta; 2) Com dois anos e meio de mandato, ainda não conseguiu provar que nasceu para ser prefeito; e 3) Seu entorno (estratégia política e comunicação) é acéfalo: erra fácil e se omite muito.

No entanto, não é tarefa fácil tirar um prefeito em exercício de um segundo turno, sobretudo numa disputa fracionada de quatro candidatos, considerando a capilaridade de uma estrutura de poder municipal e sua fábrica de bondades e, por outro lado, o curto período de campanha definido pela legislação atual. Para se impor com viabilidade eleitoral, basta que ele corrija a avaliação de seu desempenho para um padrão médio (Positivo / Neutro / Negativo) de um terço em cada patamar. Não está muito distante e, aspecto importante, não tem nenhum atributo pessoal negativo colado em sua imagem (por exemplo, o povo fala que ele “anda sumido, não aparece”, mas não diz que ele “é preguiçoso”). A campanha cuidaria do resto.

Cid Gomes é um pragmático experiente. Tomou bem direitinho as cinco doses da vacina contra o vírus da paixão. Faz parte da privilegiada elite de políticos que quase nunca erram em suas avaliações e escolhas. Para ele, portanto, não há novidade alguma em nada que está escrito neste artigo. Logo, o senador sabe que a coligação PDT/PT em Fortaleza é quase uma quimera. Digo “quase” porque, na enciclopédia do oportunismo que é a política brasileira, o impossível é apenas o que ainda não aconteceu.

Sendo assim, prefiro supor que Cid, ciente das dificuldades que a conjuntura impõe, cumpre esse esforço de unidade como uma travessia necessária: embora fadada ao fracasso em seu objetivo aparente, todo esse esforço pode resultar – é só um exemplo – numa convergência em segundo turno e,consequentemente, a recomposição de uma governança comum que está formalizada no plano federal, já se dá de fato na esfera estadual, mas precisaria do amálgama de uma composição em Fortaleza para se impor como uma hegemonia (quer dizer: estável e duradoura).

É difícil, mas só chega lá quem vai. Muita água ainda vai rolar por baixo (e por cima) dessa ponte. 15 meses nos separam dos fatos que farão a revisão de tudo que está dito acima. A ver.

 

Ricardo Alcântara é publicitário, escritor e colaborador do Focus.

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