O que há de novo: Enfrentando a maior crise política do terceiro mandato e mirando a reeleição, Lula reforça a estratégia de ocupar periferias com um discurso mais à esquerda: aumento de impostos para os mais ricos e benefícios diretos aos mais pobres. A visita à Favela do Moinho, em SP, marcou o tom: sem palanque, com anúncio de moradias e forte presença nas redes.
O pano de fundo: Enquanto líderes do Congresso cobram cortes de gastos e alertam para a crise fiscal, o Planalto dobra a aposta no discurso eleitoral: “colocar o pobre no Orçamento e o rico no Imposto de Renda”. O roteiro segue para Salvador nesta semana, no 2 de Julho, e tende a reduzir viagens internacionais para priorizar agendas populares.
A conta não fecha: Dados do Banco Central indicam arrecadação recorde de R$ 1,2 trilhão, mas especialistas como Carlos Pereira (FGV) e Zeina Latif avaliam que só elevar tributos não resolve o rombo — cortes serão inevitáveis. A oposição alerta para risco de piora nas relações com o Congresso se o Planalto insistir em recorrer ao STF para reverter derrotas como a do IOF.
Por que importa: A radicalização do discurso redistribui forças na base. Enquanto o governo fala em taxar os ricos, o crescimento desordenado das despesas — já perto do limite — ameaça paralisar agências, universidades e até investimentos essenciais. No horizonte, segundo o Banco Mundial, o ajuste fiscal precisaria chegar a 3% do PIB para equilibrar o jogo.