
A ofensiva de Michelle Bolsonaro contra a articulação do PL com Ciro Gomes no Ceará abriu uma fissura que atravessou família, partido e base digital. Mas, no balanço final, a militância escolheu um lado. E não foi o dos filhos de Jair Bolsonaro. Levantamento da AP Exata, obtido pelo Estadão, mostra que, mesmo após críticas públicas de Flávio, Eduardo e Carlos Bolsonaro, Michelle foi a principal beneficiada na guerra de narrativas. A ex-primeira-dama recebeu 44,7% do apoio entre perfis de direita no X. André Fernandes e os herdeiros do ex-presidente ficaram em 32,1%.
Quem venceu no X
A análise da AP Exata sobre 25 mil postagens na segunda-feira (1º) mostra o seguinte:
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44,7% pró-Michelle
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32,1% pró-André e pró-filhos de Bolsonaro
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18,6% pedindo unidade
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4,6% abordando o assunto por outros ângulos
O campo bolsonarista concentrou 63,4% das menções — dominância típica quando o tema envolve disputas internas. A esquerda participou com 28,7%, aproveitando o racha.
O que isso revela
Para Sergio Denicoli, CEO da AP Exata:
“O fato de o ex-presidente estar preso, sem poder fazer declarações públicas, faz com que surjam diversas narrativas, deixando a militância perdida em relação às estratégias de Jair Bolsonaro.”
A falta de comando unificado, somada à contradição aberta dentro da família, gera confusão e enfraquece a posição pública do clã — justamente num momento em que o bolsonarismo tenta reorganizar fileiras.
O timing da crise
O racha explode uma semana depois de uma reunião em que a própria família Bolsonaro clamou por “união” e pelo fim das brigas públicas, logo após a prisão de Jair Bolsonaro. O encontro, ocorrido no dia 24, pretendia blindar o grupo e manter alinhada a tropa digital. Não durou sete dias.






