Um candidato a prefeito que disputa a reeleição, como é o caso de José Sarto, terá quase sempre um desempenho eleitoral compatível com os índices de aprovação e desaprovação de sua gestão. Na mesma linha, também os índices de ótimo/bom, ruim/péssimo.
Trocando em miúdos, um prefeito com altos índices de aprovação e de ótimo/bom dificilmente será deixado para trás pelos eleitores. Pelo mesmo raciocínio, o gestor com alto índice de desaprovação e de ruim/péssimo tende a ser severamente punido pelos eleitores.
É por isso que a pesquisa FocusPoder/AtlasIntel fez um preciso retrato da maneira como os eleitores avaliam o prefeito José Sarto (PDT) e a sua gestão. As resultantes formam um conjunto de má notícias para Sarto. No entanto, se o senhor prefeito tiver uma boa equipe de assessores, pode até entender que os índices podem servir de bússola para promover adequações na sua comunicação durante a campanha.
Atentem para o quadro abaixo da pesquisa que foi realizada entre os dias 02 e 07 de agosto (Registro no TSE CE-06008/2024). Ao perguntar aos eleitores acerca da avaliação do prefeito, a Atlas concluiu que o ótimo/bom de Sarto é muito baixo para quem disputa a reeleição. Somente 23% para um índice ruim/péssimo de 51%. É mais que o dobro. No entanto, há 26% dos eleitores que o consideram regular.
Sendo assim, qual deveria ser a tarefa máxima da comunicação do prefeito? Simples: trabalhar para atrair parte dos eleitores da coluna regular para compor a coluna ótimo/bom. E também atrair parte do ruim/péssimo para se juntar à coluna regular. No fim das contas, aumentar a aprovação e diminuir a rejeição.
Bom, pelo que se viu até aqui, Sarto faz uma campanha montada em memes de si mesmo. Sabem bem disso os que navegam pelos mares bravios das redes sociais e os que acompanham o noticiário político. Será esta singular opção o melhor caminho?
A pesquisa FocusPoder/AtlasIntel também perguntou aos eleitores acerca do desempenho do gestor de Fortaleza. 37% aprovam Sarto, 57% desaprovam. Historicamente, não é um resultado ruim para início de campanha. Já vi prefeitos, como Juraci Magalhães nas eleições de 2000, partir de um índice de reprovação que beirava os 70%, usar a campanha na TV, no rádio e nas ruas para baixar a reprovação, chegar ao segundo turno (contra Inácio Arruda) até conseguir a reeleição com boa folga de votos em relação ao concorrente.
Juraci é Juraci. Sarto é Sarto. Porém, a diferença fundamental é que hoje temos um cenário político bastante peculiar. Naquele tempo, a coisa toda se resolvia na gestão, nas ruas e, muito fortemente, na campanha da TV, na qual Juraci tinha tempo de sobra. 24 anos depois, vivemos o reino da web (notem que até a pesquisa aqui referida é feita via web), mas o horário gratuito continua muito importante. Nesse quesito, Sarto sofre muito. Seu tempo para propaganda será ínfimo.
Detalhe que não cala e que também foi apontado pela pesquisa FocusPoder/AtlasIntel: a tarefa de Hércules de José Sarto não é somente melhorar sua avaliação e diminuir sua rejeição perante os eleitores, mas sim nadar contra a forte correnteza da polarização que, ainda aparentemente, pode estar se formando numa versão local Lula X Bolsonaro. Quanto a isso, sugiro a leitura do seguinte artigo: Quem avisa amigo é: polarização em Fortaleza
Vocês já perceberam pelas duas tabelas acima que a Atlas fez também a avaliação do desempenho do presidente Lula e do governador Elmano de Freitas. Sim, são dados importantes e com influência no jogo eleitoral. No entanto, como estes dois líderes não estão disputando as eleições de forma direta, a abordagem desses desempenhos ficará para um próximo comentário.
Metodologia da pesquisa FocusPoder/AtlasIntel
Amostra – 1.203 respondentes
Metodologia de coleta – Recrutamento digital aleatório (Atlas RDR)
Margem de erro – ±3p.p.
Nível de confiança da margem de erro – 95%
Período de coleta – 02/08/2024 – 07/08/2024
Registro no TSE – CE-06008/2024
Fonte pública dos dados para amostragem – PNAD e TSE