
O bolsonarismo, mais do que uma figura política, consolidou-se como um movimento social e ideológico que moldou parte expressiva do debate público no Brasil nos últimos anos. Mesmo diante da condenação de Jair Bolsonaro, a disputa pela sucessão de sua liderança segue viva — dentro da própria família e também entre aliados que buscam carregar a tocha desse capital político. Nesse contexto, surge a questão central: quem é, de fato, o herdeiro do bolsonarismo? A pesquisa da AtlasIntel oferece excelentes indicativos.
O que aconteceu
- Bolsonaro fora de combate: condenado e inelegível, o ex-presidente sai do páreo de 2026, mas continua a ser fiador simbólico da direita.
- Tarcísio sob pressão: sua defesa da anistia foi reprovada por 50,4% dos brasileiros. Se levar esse discurso à eleição, 55% afirmam que jamais votariam nele.
- Herança fragmentada: entre bolsonaristas, 46% escolheriam Tarcísio, 25% Eduardo e 22% Michelle como sucessores.
- Lealdade em xeque: só 65% confiam na fidelidade de Tarcísio a Bolsonaro; já Michelle (88%) e os filhos Eduardo (81%) e Flávio (82%) têm índices muito mais altos.
Cenários de 2º turno — setembro/2025
- Lula x Bolsonaro → 51,8% x 44,8% (+7pp)
- Lula x Michelle → 51,9% x 44,6% (+7,3pp)
- Lula x Tarcísio → 50,6% x 45,2% (+5,4pp)
- Contra Zema, Caiado, Ratinho Jr. e Eduardo Leite → margens iguais ou superiores a 15pp.
Por que importa
- A saída de Bolsonaro abre um vácuo inédito de liderança: a direita precisa de alguém capaz de unir a base e falar ao centro.
- Tarcísio lidera numericamente, mas sua rejeição nacional e baixa confiança interna são obstáculos sérios.
- Michelle se destaca como figura de confiança absoluta (88%), com potencial de herdar o carisma bolsonarista tbsem carregar o passivo judicial.
- Eduardo e Flávio mantêm relevância simbólica, mas não têm força para disputar além do núcleo duro.
Leitura Focus Poder
Com Lula vencendo todos os cenários de 2º turno e a direita órfã de Bolsonaro, a eleição de 2026 se desenha como uma disputa desigual. O PT aparece com vantagem sólida — seja com Lula, seja com Haddad — enquanto a oposição se divide entre nomes sem amplitude nacional e um eleitorado que desconfia dos seus próprios herdeiros.
👉 O desafio da direita agora é menos enfrentar Lula e mais decidir quem vai carregar a chama do bolsonarismo.