🔴 Decisão unânime do STF amplia alcance da Lei de Cotas
Em julgamento encerrado na sessão virtual de 13 de junho, o Supremo Tribunal Federal decidiu, por unanimidade, que estudantes de colégios militares têm direito a disputar as vagas reservadas a alunos de escolas públicas nas universidades federais e instituições federais de ensino técnico de nível médio. A deliberação foi tomada na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7561, ajuizada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que questionava a participação desses alunos no sistema de cotas instituído pela Lei 12.711/2012.
🔴 PGR sustentava que colégios militares não se enquadram como escolas públicas
Na ADI, a Procuradoria argumentava que os colégios militares, por integrarem o Sistema de Ensino do Exército, não fariam parte da rede pública de ensino propriamente dita. Assim, o ingresso de seus alunos nas vagas destinadas a egressos de escolas públicas distorceria a finalidade da Lei de Cotas, voltada à inclusão social e correção de desigualdades históricas no acesso ao ensino superior.
🔴 Relator: natureza pública dos colégios militares já foi reconhecida pelo STF
Ao rejeitar os argumentos da PGR, o ministro Gilmar Mendes, relator da ação, destacou que os colégios militares, embora submetidos à administração das Forças Armadas, possuem caráter institucional público, com acesso gratuito, financiamento estatal e controle do poder público. Segundo o voto, essa configuração já foi reconhecida como de natureza pública em decisões anteriores do próprio Supremo, o que justifica a aplicação da Lei de Cotas aos seus alunos.
🔴 Vagas reservadas não anulam a lógica da ampla concorrência
O relator reforçou que as vagas reservadas não comprometem a ampla concorrência, pois apenas são acessadas pelos candidatos que não lograram aprovação nas vagas gerais. Além disso, a divisão legal da cota é clara: 25% das vagas são destinadas a estudantes oriundos de escolas públicas com renda familiar per capita de até 1 salário mínimo, enquanto os outros 25% contemplam os demais estudantes da rede pública, independentemente da renda.
🔴 Julgamento reafirma o princípio da isonomia na política pública de acesso à educação
Para o STF, restringir o conceito de “escola pública” apenas às instituições estaduais e municipais seria uma interpretação redutora da Lei 12.711/2012, em desacordo com os princípios constitucionais da igualdade (art. 5º, caput) e do acesso universal à educação (art. 206, I e VII, da Constituição). O voto de Gilmar Mendes também pondera que alunos de colégios militares não são automaticamente favorecidos do ponto de vista socioeconômico, havendo ampla diversidade social entre os estudantes dessas instituições.
🔴 Precedente tem repercussão para todo o sistema federal de ensino
A decisão tem impacto direto sobre processos seletivos de instituições federais de ensino superior e técnico, que adotam a Lei de Cotas em seus editais. A inclusão definitiva dos colégios militares nesse sistema reforça o entendimento de que a política de ação afirmativa deve atingir todos os estudantes de instituições públicas, sem discriminação pela natureza administrativa do estabelecimento.
⚖️ Com esse julgamento, o Supremo reafirma sua jurisprudência em defesa da interpretação ampla e socialmente inclusiva da Lei de Cotas, fortalecendo a missão constitucional do Estado de garantir educação com justiça social e isonomia de oportunidades.