O fato: A possibilidade de taxar exportações do agronegócio como forma de conter a alta nos preços dos alimentos é defendida por setores do Partido dos Trabalhadores (PT), mas enfrenta resistência dentro do próprio governo, segundo informações do jornal Folha de S.Paulo. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, descartou a viabilidade da proposta, afirmando que “não tem chance de prosperar” e que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já sinalizou que “não vai tomar medidas heterodoxas”.
Contexto e histórico: Paulo Teixeira, que faz parte do grupo ministerial designado para buscar soluções para a inflação dos alimentos, já havia assinado um projeto de lei em 2022 que previa a taxação de exportações de grãos e carnes em situações específicas. No entanto, o ministro afirmou que a assinatura foi apenas para garantir a tramitação do projeto, que acabou rejeitado em três comissões da Câmara e segue em análise por pressão da bancada ruralista.
Reações do mercado e medidas alternativas: A ideia de taxação tem sido alvo de críticas do mercado financeiro, que vê o mecanismo como um risco regulatório. Operadores do setor já alertaram integrantes do governo sobre os possíveis impactos negativos. Em resposta, a sinalização do governo tem sido oposta, com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, sugerindo até mesmo a redução de alíquotas de importação em casos específicos.
Desafios de comunicação: A discussão sobre a taxação ocorre em meio a dificuldades na comunicação do governo, que tem enfrentado desgaste em questões econômicas e sociais, como a chamada “crise do PIX” e propostas relacionadas à validade de alimentos. Para evitar novos ruídos, Rui Costa optou por substituir termos como “intervenções” por “medidas” ao tratar do tema, reforçando a tentativa de calibrar a mensagem oficial.