
O fato: o governo de Donald Trump apresentou, nesta sexta-feira (5), a nova Estratégia Nacional de Segurança, documento que orienta políticas internas e externas dos Estados Unidos. O texto afirma que “a era das migrações em massa deve chegar ao fim” e estabelece o controle de fronteiras como eixo central da segurança nacional.
O contexto: segundo a Casa Branca, após “anos de negligência”, Washington pretende “restaurar a preeminência americana no Hemisfério Ocidental” e fortalecer o controle sobre acesso a regiões consideradas estratégicas. A abordagem integra a visão “America First”, marca da política externa de Trump, que busca reorientar decisões militares, econômicas e diplomáticas.
O que está em jogo: sem citar países específicos, a estratégia propõe uma revisão da presença militar global, priorizando o combate a “ameaças urgentes” e reduzindo engajamento em áreas que, na avaliação do governo, perderam relevância para a segurança americana. A política migratória aparece entre as prioridades: “Devemos proteger nosso país contra invasões”, diz o documento, citando migração descontrolada, terrorismo, tráfico de pessoas, drogas e espionagem como riscos.
A rivalidade externa: embora não nomeie adversários diretamente, o texto menciona “influências estrangeiras” capazes de minar a soberania dos EUA. Em trechos que dialogam com disputas estratégicas recentes, faz referência indireta à China, sobretudo em temas como minerais críticos e presença no Canal do Panamá. Ao citar Pequim nominalmente, contudo, fala em “reequilibrar” relações econômicas com foco em reciprocidade e equidade.
América Latina no radar: o documento aponta que certas alianças políticas na região podem dificultar a redução de influências externas — referência indireta a governos latino-americanos alinhados a potências rivais, ainda que nenhum país seja citado, incluindo a Venezuela. Também argumenta que os EUA têm conseguido diminuir essas influências ao expor “custos ocultos” de parcerias estrangeiras relacionadas a espionagem, dívida e cibersegurança.
Europa sob crítica: ao tratar da Guerra da Ucrânia, a estratégia defende que os EUA negociem uma “cessação célere das hostilidades”, alegando que o conflito fragiliza economias europeias e aumenta a dependência externa do continente, “especialmente da Alemanha”. As críticas motivaram reação do ministro das Relações Exteriores alemão, Johann Wadephul, que afirmou que o país “não precisa de conselhos externos”.
Por que importa: mesmo com críticas a aliados, o documento reafirma que a segurança europeia continua sendo um objetivo estratégico para Washington. O texto faz ainda um alerta: caso “as tendências atuais continuem”, o continente europeu poderá ser “irreconhecível em 20 anos”. Para analistas, a nova estratégia consolida a guinada nacionalista e securitária do governo Trump, com repercussões diretas na política migratória internacional e no equilíbrio geopolítico de regiões-chave.






