Ao receber a maior delegação oficial brasileira que já visitou o país, a China move uma pedra no tabuleiro internacional de efeitos duradouros. A visita de Lula deve ser – este é o plano – um ponto de inflexão na disputa do Império do Centro contra o Império do Norte por uma nova ordem mundial no que se refere aos países do Novo Mundo.
Com isso, o comissário Xi está apenas concordando com Richard Nixon, quando disse que “para onde for o Brasil, irá a América do Sul” – frase dita pelo presidente americano em outra era, quando seu país não tinha relações diplomáticas com a China e nosso continente era definido com precisão como o “quintal dos EUA”.
O fato é: os comunicados advindos de Beijing informam que a China pretende dar nova qualidade à sua relação com o Brasil. O que isto significa na prática é deixarmos de ser apenas fornecedores de commodities e passarmos a ser também parceiros em desenvolvimento tecnológico de ponta: 6G, satélites, semicondutores, inteligência artificial, energia limpa… por aí.
É um salto. Não é mais somente sobre compra e venda. É conhecimento compartilhado numa perspectiva pós industrial. No plano da ordem mundial multipolar que a China pretende, o Brasil é seu aliado preferencial além do Atlântico. Claro: Nixon estava certo. Só não imaginava que o movimento seria não em direção ao Norte, mas ao Oriente.