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Uma contabilidade democrática bem sucedida; Por Paulo Elpídio de Menezes Neto

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[Alguns exercícios intercorrentes de ironia politicamente bem intencionada. Ria, se puder.]

Já havíamos comprado a Portugal a nossa Independência. Indenizamos a Inglaterra pelo reconhecimento do Brasil como país no concerto das nações.

Ao correr dos séculos, não desistimos desta estratégia diligente, embora dispendiosa, de pagar pelo que é nosso.

O Imperador D. Pedro II, a Imperatriz Tereza Cristina e comitiva a bordo do vapor “Congo”, de volta da Europa. 1888

Ao despedir-se do Trono e das reservas do Erário, em demanda do embarque para Paris, Pedro II deu uma passada pelo Banco do Brasil e levou em seu bornal de exilado as reservas acumuladas em moeda estrangeira nos cofres do estabelecimento. Estava aberta a prática arrecadatória que se estenderia, tempos à frente, e a íntima cumplicidade público-privada que se tornou o sustentáculo da nossa democracia.

“Compramos” o Acre graças a penosas tratativas diplomáticas (o embaixador Amorim não trouxera, ainda, por aqueles tempos, as suas habilidades de negociador).

Despachamos dois imperadores de volta à Patria-mãe, um em cumprimento aos caprichos das Cortes portuguesas; o outro, por decurso de prazo da monarquia, a golpes de espada, celebrados para a posteridade na estátua equestre de um marechal, a proclamar a República, a desoras, em uma noite de insônia, no Campo de Santana.

Por sorte, sempre tivemos um marechal disponível a nos proteger nestes momentos de extremo risco.

Aos poucos, entretanto, seguindo as tendências de solidários sentimentos democráticos, cada dia mais visíveis na nossa sólida cultura republicana, a política foi-se monetizando. Os governos, forrados de meios e de recursos eleitorais, fixaram os limites para o exercício da cidadania. Foram estabelecidas regras e os instrumentos para controle da nossa contabilidade eleitoral, de modo que os votos fossem contados e somados com propriedade e correção.

Os partidos multiplicaram-se exponencialmente, na medida justa das imposições de uma democracia “radical” a que aspiram alguns pensadores políticos brasileiros. Ou de uma democracia “relativa”, equilibrada e regulada como, aliás, devem ser as democracias modernas.

A detailed illustration depicting political parties metaphorically feeding on public funds, with words in Portuguese. The image should show large, bloated figures symbolizing political parties, sitting at a lavish banquet table overflowing with money, gold coins, and documents labeled as 'fundos públicos' in Portuguese. The figures should have greedy, satisfied expressions as they grab handfuls of money and stuff it into their pockets or mouths. The background should be dark and ominous, with shadows emphasizing the clandestine nature of the scene. The overall mood should convey corruption and greed.No Brasil, são cerca de 32 siglas, ricas e fantasiosas na sua denominação. Crescem, na velocidade de uma complexo processo de reprodução por cissiparidade. Alimentam-se de fundos engordados com dotações federais que, somados ao fundo eleitoral, compõem o maior suporte financeiro que fazem de uma democracia, o ágil instrumento — e convincente — de um governo confessadamente democrático…

Somos uma democracia forte e rica, de ideias e de reservas orçamentárias.

Aplainamos os caminhos do nosso percurso democrático, forrados de leis e regramentos que nos permitem gerir o maior sistema político do Ocidente, em eleitores habilitados, voto obrigatório, protegido pelos controles de uma contabilidade eleitoral eficiente, reconhecidamente legal e legítima.

O capitalismo para surpresa dos que desejam e esperam o seu fim, demonstrou que sabe administrar as suas contas correntes em haveres e bens e como, valido dessas habilidades, sabe reinventar a democracia, a ideia de povo e de nação.

Não parece pouca coisa.

Paulo Elpídio de Menezes Neto é articulista do Focus, cientista político, membro da Academia Brasileira de Educação (Rio de Janeiro), ex-reitor da UFC, ex-secretário nacional da Educação superior do MEC, ex-secretário de Educação do Ceará.

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