Por Fábio Campos
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A candidatura de Roberto Cláudio (PDT) ao Governo do Ceará está próxima de conquistar um apoio de grande relevância e qualidade política. Há indicativos de que o PSDB, o senador e o Cidadania, que forma a confederação com os tucanos, caminham para compor o palanque com o PDT no Ceará.
Mais importante que o tempo no horário gratuito, o peso do apoio está na trajetória de Tasso Jereissati, o político que fundou as bases do Ceará moderno. Praticamente todas as políticas públicas que hoje vigoram no Ceará e que são de referência têm o DNA do senador em sua composição.
Nessas horas, é sempre lembrada a rasteira que Tasso levou em 2010, quando sua tentativa de reeleição para o Senado não foi apoiada por Ciro e Cid Gomes, o então governador. Tasso perdeu pela força de Lula, de Cid e da então prefeita Luizianne Lins, que apoiaram as candidaturas de Eunício Oliveira e José Pimentel. Sim, sobraram mágoas em relação aos Ferreira Gomes.
12 anos depois, a possibilidade do apoio de Tasso a Elmano passou a ser visto por muitos como a chance de uma doce vingança. Porém, o tucano, já com 36 anos de carreira política e com apoentadoria anunciada, não é dado a esse tipo de desforra. A maturidade é a conselheira.
Importante lembrar que as coisas no PSDB e na cabeça de Tasso não estão resolvidas. As águas ainda estão rolando e há divisão no partido. O pesidente estadual Chiquinho Feitosa sonha em ser o suplente de Camilo Santana no Senado. Luís Pontes, com longa trajetória de fidelidade a Tasso, defende a aliança com o PDT.
Quem conhece o senador sabe de sua dificuldade de se aliar ao PT. Não faltam motivos para tal. Não há dúvidas que o senador votará em Lula em um potencial segundo turno contra Jair Bolsonaro, mas isso é coisa para mais adiante. Aqui, no Ceará, Tasso tende a apostar em quem defende um projeto de Estado que contemple a natureza das políticas públicas das últimas quatro décadas.
Nesse ponto, Roberto Cláudio tem dado um banho em Elmano de Freitas. Até aqui, aparenta que o projeto do petista só tem uma bandeira: Lula-lá e cá. RC tem tido cuidado de se abraçar ao campo das ideias sem largar mão do embate político, que é próprio do jogo. Um passeio pelo noticiário desvenda esse fato.
O PDT gostaria de ter um vice apontado pelo PSDB. Sim, o nome do doutor Cabeto, o secretário da Saúde de Camilo durante a pandemia, tem sido abordado. Cabeto deixou o Governo Camilo com mágoas de lado a lado e tem gosto pela possibilidade, mas há um problema: era preciso ter se desincompatilizado de suas funções acadêmicas na Universidade Federal do Ceará.
Sim, há muitas conversas nos bastidores. Tasso se dá bem com Camilo Santana e vê muitas qualidades em Elmano, que, até aqui não lhe fez nenhuma sinalização pública. Já o PDT, através de Roberto Cláudio, tem buscado interolocução mais frequente com o tucano.
Para o PSDB, não há pressa. O partido fica com o calendário eleitoral nas mãos e vai jogar até o fim do tempo.