A presença de lixo nas vias férreas operadas pelo Metrofor tem ameaçado a segurança das operações do metrô e dos VLTs. Somente em 2023, o Metrofor retirou 520 toneladas de lixo e entulho despejados irregularmente em suas linhas, mas o descarte de resíduos pela população é constante. Entulhos, móveis quebrados, podas de árvores e lixo doméstico são comuns nos terrenos que circundam os trilhos. Nos trechos onde a via é segregada, a população arremessa o lixo por cima dos muros e grades de proteção. Os resíduos podem descarrilar o trem, ou interromper a operação.
Se o lixo se acumula em um cruzamento da via férrea com ruas e avenidas, os ratos atraídos para o local roem os fios das sinalizações, e provocam falhas. O lixo também pode prejudicar os sensores, gerando acionamento acidental de cancelas, atrapalhando o trânsito e gerando congestionamento. “É um problema crônico. A empresa [Metrofor] limpa, e com pouco tempo a população suja novamente. Isso atrapalha bastante, pois a gente é obrigado a parar [o trem] porque pode ocorrer um descarrilamento”, relata o condutor Hygor de Carvalho Vieira, que trabalha na função há seis anos.
Ele cita outra consequência: o risco de patinação nos trilhos, que acontece quando as rodas dos trens perdem atrito com a via, aumentando as chances de acidentes e reduzindo a potência de tração. A presença de sacolas plásticas, comuns nos lixos domésticos, potencializa o risco de patinação, o que se agrava em dias de chuva.
O gerente de Controle e Tráfego Operacional, Antônio Carlos Pereira, reforçou a orientação aos condutores, para que mantenham a atenção durante as viagens, reduzindo a velocidade ou mesmo parando o trem em caso de necessidade. “Tem uns pontos específicos onde a comunidade está acostumada a jogar esse lixo, são pontos permanentes [de acúmulo de resíduos]”, afirma ele.
Nas cinco linhas de transporte de passageiros sobre trilhos em operação no Ceará, o Metrofor retira aproximadamente 44 toneladas de lixo e entulho todos os meses, aumentando os custos do serviço prestado. O total retirado das vias em 2023 equivale a 220 caminhões de lixo, que não é produzido pela operação metroferroviária, mas sim descartado irregularmente na via férrea, trazendo, além dos riscos mencionados, o aumento dos focos de mosquitos, pragas e roedores que transmitem doenças. “[A população] deveria ser melhor instruída. A consciência dela é fundamental para evitar sujeira”, diz Antônio Carlos.