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Um bilhete para Angela; Por Paulo Elpídio de Menezes Neto

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A Biblioteca dos manuscritos perdidos?

Prezada Angela Barros Leal, bom dia amiga.

Estou a reler este registro de uma perda irrecuperável. Das fichas desaparecidas, desgarradas, de um projeto perseverante do que poderia ter sido a nossa primeira Enciclopédia Brasileira.

Da primeira leitura, não pude fugir ao impulso de uma segunda visita ao seu artigo, tão forte foi a impressão desse trágico episódio de perda e esquecimento.

Revolvi nos meus guardados de memória algumas história parecidas e igualmente lamentáveis. De uma ex-aluna que tendo concluída a sua tese de doutorado em Paris, ao levar o manuscrito para o seu orientador esqueceu-os, “au pétit dejeuner” em um bistrô parisiense — para nunca mais encontrá-los. Por aqueles tempos, anteriores à xerox e aos computadores e aos lugares das nuvens cibernéticas…

Luiz Vaz de Camões, mais feliz, salvou os originais de Os Lusíadas graças a heroicas braçadas pelas águas do Mediterrâneo… Já Bíblia seria construída pelos depoimentos orais prestados, segundo a tradição, pelos apóstolos para que Gutenberg os imprimisse em tipos móveis, em Mainz, na Alemanha.

De Walter Benjamin não se tem notícia dos originais que carregava consigo, na longa travessia dos Pirineus, com paixão e zelo, para a liberdade perdida.

De muitos escritores criou-se o mito de uma obra que seria a sua obra prima — definitivamente perdida.

Os textos de um ensaio sobre a reunificação da Alemanha, ainda que não sejam obra prima, por mim escrito durante um semestre de pesquisa na Universidade de Colônia, seria roubado no aeroporto de Paris. Passei um ano a reescrever o texto perdido, tarefa dolorosa e angustiante, experiência única na minha vida.

De Alarico Silveira, você traz a notícia do desaparecimento da letra C de um volume de 140 mil fichas de próprio punho e a publicação do primeiro voluma de um total de 10 anunciados.

Não poderia esquecer entre este  rosário  de perdas e danos acumulados a história bem contada de um empreendimento bem sucedido. A do Oxford English Diccionary — OED.

A.H. Murray, apesar de filólogo, levara a sua vida entre alunos, discreta e recolhido por timidez aos livros. Um certo dia, acordou tomado pelo auto-desafio que se impôs para construir o maior e mais completo dicionário da língua inglesa. Iniciada a obra gigantesca, aposentado e internado em um manicômio, Murray, auxiliado por um anônimo voluntario, William Chester Minor, concluiria 10 mil verberes que integraram a primeira edição do OED

Esta saga de dois homens incomuns extraídos do seu anonimato é contada em um livro encantador: O Professor e o Louco, de Simon Winchester (tradução da Cia. das Letras) e de um memorável filme.

Alonguei-me por impulso seduzido pelos riscos que cercam os que escrevem e publicam. Como você…

Paulo Elpídio de Menezes Neto é articulista do Focus, cientista político, membro da Academia Brasileira de Educação (Rio de Janeiro), ex-reitor da UFC, ex-secretário nacional da Educação superior do MEC, ex-secretário de Educação do Ceará.

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