Durante audiência pública comemorativa dos 35 anos da Associação Nacional das Universidades Particulares (Anup), representantes do setor educacional destacaram, nesta terça-feira (2) na Comissão de Educação (CE), a relevância do ensino superior privado para o Brasil.
Ao mesmo tempo, cobraram melhores recursos para a educação básica, incluindo a formação de professores, e mecanismos mais efetivos de avaliação de cursos. A realização do debate atende a requerimento do senador Flávio Arns (PSB-PR), presidente do colegiado. O evento foi conduzido pela senadora Rosana Martinelli (PL-MT).
A presidente da Anup, Elizabeth Guedes, apontou a preocupação da entidade com a situação da educação básica, refletida em resultados desfavoráveis do Brasil no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), e o cenário de “evasão e abandono” no ensino médio. Para ela, aumenta a distância entre as crianças brasileiras e as de países com sistemas de ensino mais eficientes.
“A escola pública, ao invés de diminuir, aumenta a desigualdade, porque ela marca o período dessas crianças que não conseguem aprender, que não conseguem encontrar ali a solução de que necessitam para as suas vidas e se tornam adultos hipossuficientes”, disse.
Elizabeth salientou que muitos alunos são “punidos duplamente” pelas deficiências do ensino básico e pela cobrança de mensalidades em faculdades. Acrescentou que o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) tem um alcance “irrelevante” para mitigar o problema financeiro dos alunos. Entre as reivindicações formuladas pela presidente da Anup estão um maior esforço na formação de professores e providências do Ministério da Educação para descredenciar cursos superiores de baixa avaliação. Mas ela disse que a entidade precisa ajudar o governo a avaliar os cursos de forma correta.
O vice-presidente da Anup, Juliano Griebeler, também considerou que o Fies foi “deixado um pouco de lado” em anos recentes e precisa de reformulação para retomar seu papel de expandir o acesso ao ensino superior. Ele mostrou estatísticas que apontam que 80% dos alunos das faculdades estão na rede particular de ensino — sendo que 90% desses alunos são das classes C, D e E — e duvidou que as metas estabelecidas no Plano Nacional de Educação possam ser cumpridas.
“Não tem como a gente conseguir atingir essas metas de formação de alunos em ensino superior, de acesso e permanência, se a gente não olhar também para o setor particular e ter boas políticas regulatórias que consigam trazer, de fato, o que a gente precisa para conseguir ter uma boa oferta educacional no país”, explicou.
Agência Senado