Os preços do café arábica subiram significativamente nesta segunda-feira (12), impulsionados por geadas leves ocorridas no Brasil durante o fim de semana. A cotação do contrato de café arábica para setembro registrou uma alta de mais de 4%, atingindo 2,44 dólares por libra-peso por volta das 11h50 (horário de Brasília), após um avanço ainda maior no início do pregão.
As geadas, que atingiram de forma pontual importantes regiões produtoras de café arábica em Minas Gerais, como o Cerrado, geraram apreensão quanto à oferta futura do grão. A Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado (Expocaccer) confirmou à Reuters a ocorrência do fenômeno, mas ressaltou que a dimensão dos danos ainda está sendo avaliada. “As geadas ocorreram em regiões pontuais do Cerrado, mas ainda não sabemos dimensões. Hoje já iniciamos um levantamento com nossos cooperados”, afirmou a cooperativa, acrescentando que os produtores estão em alerta para possíveis novas geadas, especialmente na noite de hoje e amanhã, quando o frio pode ser mais intenso.
O agrometeorologista Marco Antonio dos Santos, da Rural Clima, relatou que as geadas foram “bem localizadas” e não se comparam ao episódio de frio intenso registrado em 2021, que resultou em perdas significativas para a safra seguinte. A empresa de meteorologia Nottus também observou que as baixas temperaturas provavelmente causaram apenas geadas em áreas de baixada ou na relva, sem impacto direto nas lavouras de café.
De acordo com a Nottus, a temperatura precisa estar em torno ou abaixo de zero para afetar as lavouras de café, o que não foi observado nas principais regiões produtoras, tanto em Minas Gerais quanto no Paraná. Além disso, a colheita da safra de 2024 está em fase final, o que deve proteger a produção deste ano de eventuais perdas.
Contudo, a intensidade das geadas pode impactar a produção do próximo ano, dependendo de como o fenômeno evoluir. Além disso, a pressão nos preços do café robusta, exacerbada pelo clima adverso na safra do Vietnã, principal exportador do grão, também contribuiu para a alta no mercado. As preocupações com a influência do El Niño na produção de café no Sudeste Asiático e as chuvas abaixo da média nas principais regiões produtoras do Brasil deram ainda mais suporte ao aumento dos preços, de acordo com análise da BMI.
No mercado de robusta, o contrato de setembro subiu mais de 5%, alcançando US$ 4.560 por tonelada, após ter ultrapassado os US$ 4.600 no início da sessão.
Além do café, as geadas também podem afetar outras culturas. Em São Paulo, maior produtor de cana-de-açúcar do Brasil, o fenômeno pode impactar os canaviais se as temperaturas caírem drasticamente. No Paraná, onde parte das plantações de trigo está em fase suscetível a perdas, os primeiros relatos indicam que as geadas causaram impacto limitado, segundo Carlos Hugo Godinho, agrônomo do Departamento de Economia Rural (Deral). No entanto, ainda há previsão de novas geadas para os próximos dias, o que mantém os produtores em alerta.
Embora alguns danos tenham sido reportados nas lavouras de trigo, a Nottus lembra que parte delas não está em fases críticas como floração e frutificação, o que pode minimizar os prejuízos. A extensão dos danos, porém, só será conhecida nos próximos dias, à medida que mais informações dos produtores forem coletadas.