Cortes na geração de energia renovável no Brasil preocupam setor e ameaçam novos investimentos

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Energia eólica. Foto: Freepik

Empresas de energia eólica e solar no Brasil estão enfrentando perdas significativas devido a interrupções na produção de suas usinas, determinadas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Essas interrupções, conhecidas como “curtailments”, têm afetado principalmente parques renováveis no Nordeste, onde gargalos na transmissão de energia para outras regiões, como o Sul e o Sudeste, estão comprometendo a eficiência dos projetos.

A situação, que se agravou desde um grande apagão que começou no Nordeste em 2023, ameaça a viabilidade de diversos empreendimentos e levanta preocupações sobre o futuro dos investimentos no setor. Segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), os prejuízos aos geradores de energia eólica podem alcançar R$ 700 milhões até o final de 2024, enquanto a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) estima perdas de R$ 50 milhões entre abril e julho deste ano.

Em algumas usinas, as perdas são ainda mais drásticas. Um levantamento da consultoria Volt Robotics apontou que, em 2024, 20% da geração foi frustrada em cerca de 20 empreendimentos, com o índice superando 50% em projetos específicos, como o parque solar Banabuiu, no Ceará, da chinesa SPIC, e o conjunto eólico Serra do Mel II B, no Rio Grande do Norte, da Equatorial Energia.

O impacto desses cortes vai além do desperdício de energia renovável. As empresas afetadas precisam comprar energia no mercado para cumprir seus contratos, o que gera custos adicionais. A Voltalia, por exemplo, projeta um impacto de 40 milhões de euros em seu Ebitda de 2024 devido aos cortes de geração no Brasil.

Para Eduardo Sattamini, CEO da Engie Brasil, a frustração de geração representa um desperdício para o país e uma decepção para os investidores. Ele destaca que complexos eólicos que sofrem cortes frequentes correm o risco de ir à bancarrota. Francisco da Silva, diretor técnico da ABEEólica, reforça que esses problemas geram incertezas que comprometem a tomada de decisão sobre novos investimentos no setor.

Embora a lei brasileira preveja ressarcimento aos geradores pelos cortes impostos pelo ONS, a regulamentação do tema, definida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), é alvo de disputas judiciais. O ONS argumenta que os cortes são necessários para garantir a segurança da operação, mas prevê que a situação possa melhorar em setembro, com o aumento da capacidade de exportação de energia do Nordeste. No entanto, a expectativa é de que o problema persista até que novas linhas de transmissão, atualmente em fase de construção, entrem em operação.

A CEO da SPIC Brasil, Adriana Waltrick, afirmou que os cortes em sua usina solar no Ceará são parcialmente atribuídos a atrasos na entrada em operação de novas linhas de transmissão. Ela alertou que, se as restrições atuais não forem resolvidas, o custo futuro da energia pode aumentar, prejudicando a competitividade do setor de energia renovável no Brasil.

Por sua vez, a Equatorial Energia destacou que os cortes de geração já estão trazendo impactos negativos, como o acionamento de usinas térmicas e a redução de novos investimentos. A empresa prevê que, nos próximos anos, o Brasil poderá sentir as consequências desse cenário, que compromete os objetivos de transição energética do país.

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