Na ONU, Zelenski acusa Brasil e China de criar plano de paz para se promover

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Foto: Divulgação

O fato: Em seu discurso na Assembleia-Geral da ONU ontem, em Nova York, o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, citou nominalmente o Brasil e questionou o interesse brasileiro na resolução da guerra na Ucrânia. Ele fazia referência a um plano do Brasil e da China para encerrar o conflito, divulgado em maio Zelenski tem sido crítico e rejeita a iniciativa, que considera pró-Rússia.

Discurso: “Quando a dupla China e Brasil tenta convencer outros a apoiá-los, na Europa, na África, propondo uma alternativa a uma paz plena e justa, surge a pergunta: qual é o verdadeiro interesse deles? Todos precisam entender que não obterão mais poder à custa da Ucrânia”, disse Zelenski na tribuna do plenário da ONU.

“Talvez alguém queira incluir um Nobel em sua biografia por um acordo de cessar-fogo em vez de uma paz efetiva. Mas o único prêmio que Putin lhe dará em troca é mais sofrimento”, afirmou.

Resposta de Lula: Ao comentar a fala de Zelenski, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que Brasil e China estão à disposição, mas “se os dois países (Ucrânia e Rússia) não quiserem conversar, não tem diálogo”. “Se ele (Zelenski) fosse esperto ele diria que a solução é diplomática e não militar”, disse Lula.

Zelenski acusou Brasil e China de viabilizarem indiretamente os avanços de Putin com a proposta. O documento sino-brasileiro apresenta seis tópicos que recomendam a “interrupção imediata dos enfrentamentos” e alertam para os perigos do uso de armas nucleares, entre outros. Mas não menciona a integridade territorial da Ucrânia.

Para uma negociação, a Ucrânia exige a retirada total das tropas dos seus territórios ocupados, incluindo a Crimeia – tomada e anexada pelos russos em 2014 – e partes de quatro províncias do leste ucraniano. A Rússia, por sua vez, afirma estar aberta a conversações, desde que Kiev abandone sua candidatura à Otan e se retire das mesmas quatro províncias do leste.

“Quando alguns propõem alternativas, acordos frágeis ou, ainda, ‘conjuntos de princípios’, eles não apenas ignoram os interesses e o sofrimento dos ucranianos, como dão a (Vladimir) Putin espaço de atuação política para continuar a guerra”, afirmou.

Segundo Zelenski, a Rússia está tentando ressuscitar um passado colonial e países como Brasil e China deveriam reconhecer isso ao invés de “tentar aumentar a sua própria influência global às custas da Ucrânia”. O ucraniano destacou que qualquer proposta de paz que considere que Kiev precise ceder cerca de 20% de território para acabar com a guerra é inaceitável.

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