O fato: O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulgou nesta terça-feira (12) a ata de sua última reunião, alertando para a possibilidade de extensão do ciclo de alta de juros caso haja uma deterioração nas expectativas de inflação. O documento destaca que o ritmo de ajustes futuros na taxa Selic será orientado pelo “firme compromisso de convergência da inflação à meta”.
Contexto: Atualmente, a taxa básica de juros da economia, a Selic, encontra-se em 11,25% após um aumento de 0,50 ponto percentual decidido na reunião de 5 e 6 de novembro. Essa elevação levou a taxa ao mesmo nível de janeiro de 2024, consolidando o ciclo de contração na política monetária iniciado em agosto de 2023, quando a Selic estava em 13,75% ao ano. Durante o último ano, o Copom implementou uma série de cortes e aumentos na taxa, destacando a complexidade do cenário econômico atual.
Impactos: Segundo o Copom, o cenário de curto prazo para a inflação segue desafiador, principalmente devido à inflação de serviços, que continua acima do nível desejado para o cumprimento da meta. A ata cita, ainda, o impacto da estiagem sobre os preços de alimentos e a pressão cambial sobre os bens industrializados. O aumento dos gastos públicos e a sustentabilidade fiscal também foram citados como fatores que influenciam negativamente a estabilidade de preços e as expectativas inflacionárias do mercado.
Críticas: A decisão de elevar a Selic foi alvo de críticas por parte de entidades como a Associação Paulista de Supermercados (Apas) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI), que consideram que a taxa de juros ideal para equilíbrio econômico seria de 8,4% ao ano. Centrais sindicais como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Força Sindical também se manifestaram contra o aumento, argumentando que a alta dos juros prejudica o crescimento econômico e o mercado de trabalho.
Política fiscal e mercado de trabalho: O Copom destacou a importância de uma política fiscal crível e transparente para ajudar na ancoragem das expectativas de inflação e na redução do prêmio de risco dos ativos financeiros. O documento sugere que uma redução no ritmo de crescimento dos gastos públicos, principalmente de forma estrutural, pode beneficiar o crescimento econômico a médio prazo. No mercado de trabalho, o Copom relatou que as condições continuam robustas, com concessões de crédito às famílias e uma política fiscal expansionista que contribuem para o suporte ao consumo e à demanda agregada.
Cenário externo: O Copom também avalia que o ambiente externo permanece incerto, especialmente em relação à economia dos Estados Unidos. O comitê ressalta a incerteza quanto ao ritmo de desaceleração e desinflação da economia americana, bem como possíveis mudanças nas políticas econômicas, incluindo novos estímulos fiscais e restrições na oferta de trabalho.