No curso da campanha eleitoral deste ano, quando as pesquisas de opinião ainda apresentavam um quadro de paridade entre os quatro candidatos em Fortaleza, era comum ouvir dos adeptos da reeleição de José Sarto um argumento condescendente, mas soprado com boa convicção.
Segundo aqueles, havia a gestão realizado, sim, muitas entregas e, por conseguinte, a dificuldade que o prefeito encontrava para prevalecer com mais chances do que os demais candidatos seria, além do desgaste pontual, porém agudo, da cobrança da taxa de lixo, um “problema de comunicação” derivado do longo período em que Sarto, enfrentando problemas particulares, transmitiu à percepção pública uma imagem de omissão. “Cadê o prefeito?” – a cidade se perguntava.
Por essa linha de compreensão, o resultado final do escrutínio, que relegou ao prefeito um modesto percentual de votos pouco acima de dez por cento, não representava uma avaliação justa de seus resultados efetivos. Mas, como cada um é que sabe onde o calo aperta, o habitante da urbe devolveu ao gestor – hoje se sabe com maior clareza – o que lhe cabia, e se tanto.
Poupo o leitor dos adjetivos que seriam precisos para definir o legado de José Sarto. Dívidas milionárias com fornecedores, atraso no pagamento de pessoal terceirizado quadros da saúde, falta de medicamentos e insumos nos hospitais, entre tantos outros, explicam com clareza o porquê de ter sido ele o primeiro gestor de Fortaleza a não se reeleger e o único prefeito de capital candidato do país a não se reeleger.
À margem dos tristes fatos, na informalidade dos bastidores há fortes rumores de condutas que declino de antecipar por não dispor de informações proporcionais à gravidade dos comentários, mas que reclamam rigorosa apuração posterior das instituições competentes. Por fim, Sarto se retira pela porta dos fundos e, ao que parece, indiferente à narrativa de negligência e inoperosidade que a história reservará ao seu legado. É lamentável.