Saio-me com uma reflexão impertinente sobre uma questão que se faz ignorada pelo novos ideólogos.
“Os Índices de desempenho”, controles de dados e de indicadores em um processo de avaliação, passam por uma forma de filtragem que a muitos parece manipulação consentida.
A transição incontornável, referida por Barthes, o transcurso entre a emissão da mensagem e a sua percepção, ocorre entre o ponto que gera, produz e elabora a informação, a partir de dados que “reproduzem” a “realidade”, e o “usuário” de tantas distorções repetidas.
Cria-se, entre o fato e a sua representação, o espaço mitológico construído a partir da sua interpretação. Dá-se a inevitável propagação entre “emissor” e “receptor”. A realidade “real” ganha, entretanto, nesse processo, as cores da metáfora, com a força semântica dos pincéis e dos conceitos.
A percepção — da “realidade”, dos dados e das estatísticas sociais e econômicas — não vence os artifícios das versões, das influências ideológicas, imunes às teias dos mitos construídos.
Queixa-se uma autoridade da ciência do marketing, convocada de urgência pelo governo para dar uma melhorada na sua imagem midiatica, de que o povo brasileiro não desenvolveu a capacidade de perceber as virtudes das grandes reformas que se realizam
no país. Parece ter escapado a esse engenheiro da opinião a percepção que ele busca nos brasileiros, para apreender às virtudes ignoradas de de um povo indiferente e desatento.
Ora, a realidade que buscamos trazemo-la, todos nós, nos olhos, controlados pelas variadas circunstâncias que cercam os fatos e influenciam a nossa percepção. Vemos, como observadores, participantes e engajados, a realidade que pretendemos enxergar e dela queremos nos convencer.
A informação, produzida pela máquina do Estado, traz a marca dos projetos que propõe e dos seus resultados, com os vincos de origem, de uma realidade provisória.
A máquina midiática, moeda de uma poderosa economia de recompensas entre o público e o privado, desenha o perfil que cerca e controla a percepção do receptor da mensagem.
Não seria por outra razão que a liberdade das redes sociais causam tanto temor a esta engenharia persistente de um modelo útil de realidade produzida.