A nossa existência é uma prisioneira da memória genética celular herdada dos antepassados inseridos na gaiola da cultura de cada tempo. No meu caso, fui moldado na educação, na moral e na religião da tradição católica de minha geração que destacava que aos pobres estaria reservado o reino de Deus.
Reconheço que não me desvencilhei da prisão da moral interna inoculada pela cultura de minha formação, por isso carrego um fardo na psique que se consubstancia no medo e na culpa, nem mesmo consegui me desvencilhar das feridas de traumas como a síndrome da desaprovação parental, do parto apressado que tive e da religião. Ela é um freio que ajuda e atrapalha, mas afinal, o que e quem me livrará destes condicionamentos? Ou não tem jeito ou devo considerar como destino.
A resposta começa na renovação das crenças limitantes, mas realço três elementos que condiciona a vida neste planeta: o sexo, o dinheiro e o poder. Quanto ao sexo ainda sou portador das borbulhas do prazer mental conectado ao corpo. Quanto o dinheiro nunca fui amigo nem o persegui e o poder político que obtive não o exerci como predador. Um gestor com quem trabalhei me disse: – Caminha você é muito bom, precisa confrontar as pessoas e agir com sagacidade. Será que falta-me ser o “Metícula”, em vez de “Levícula”. “Metícula” é aquela pessoa realista, pragmática, ativa, esperta, um farejador para negócios e ganhar dinheiro. Já o “Levícula” é aquele passivo, idealista e servidor. Realmente, faltou-me ser mais o primeiro, por isso, levei mais na vida do que meti.
Sou o que sou e como já tenho mais passado do que futuro vou roer até caroço da fruta do tempo que me resta ao lado da família, dos meus amigos e realizando os empreendimentos que desejar com o tesão do prazer. Agora te pergunto:
Você é mais Metícula ou mais Levícula?
Francisco Caminha é escritor, advogado, especialista em Ciência Política e servidor público. Foto: Divulgação