Em resumo, Millennials e Geração Z vão herdar US$ 84 trilhões até 2045 — e o destino desse dinheiro será diferente. A maior transferência de riqueza da história vai transformar o mercado financeiro global — e o Brasil não ficará de fora.
Nas próximas duas décadas, o mundo assistirá à maior redistribuição de patrimônio já registrada. US$ 84 trilhões passarão das mãos dos baby (agora vovôs) boomers (nascidos entre 1946 e 1964) para seus, muitas vezes preguiçosos, herdeiros Millennials e Geração Z, que impacta o mercado pela natureza aversão ao trabalho. Mas essa mudança não será apenas de nomes nos testamentos. O destino desse dinheiro promete revolucionar o mercado financeiro.
Novo perfil, novas prioridades
Um estudo da Multipolitan, plataforma especializada em cidadania e migração de investidores, aponta que os herdeiros ricos e ultrarricos têm prioridades diferentes das gerações anteriores. Entre as principais tendências:
✔️ Digitalização dos investimentos: inteligência artificial, blockchain e economia descentralizada no centro das decisões.
✔️ Sustentabilidade e impacto social: ESG, descarbonização e filantropia ganham peso.
✔️ Globalização financeira: diversificação em ativos e mercados internacionais.
Vá mais fundo: Nos EUA, herdeiros devem receber US$ 68 trilhões. No Reino Unido, o valor estimado é de £5,5 trilhões; na Austrália, AU$ 3,5 trilhões. No Brasil, não há um cálculo consolidado, mas estima-se que a transferência de patrimônio das gerações mais velhas para as mais jovens ultrapasse os R$ 10 trilhões até 2045.
Ianques, go to the world
Nas próximas duas décadas, os Estados Unidos testemunharão o que é visto como “a maior transferência de riqueza da história” entre gerações. Durante esse período, os membros da geração conhecida como baby boomers — agora entre 59 e 75 anos, aproximadamente — passarão seu patrimônio para os descendentes. Com uma particularidade: a enorme quantidade de dinheiro em jogo. Só nos EUA, avalia-se que US$ 70 trilhões vão mudar de mãos, segundo cálculos da consultoria Cerulli Associates. Herdeiros devem receber cerca de US$ 61 trilhões, enquanto o restante será convertido em doações. Acredita-se que essa transferência envolverá 45 milhões de famílias americanas.
E no Brasil?
O fenômeno também impactará o país. No Brasil, cerca de 1,4 milhão de pessoas possuem mais de R$ 1 milhão investidos — um crescimento de 70% na última década, segundo a Anbima. Esse número deve continuar aumentando, mas com um perfil diferente:
✅ Menos imóveis, mais ativos financeiros. A nova geração vê os mercados globais como oportunidades mais dinâmicas do que o investimento imobiliário tradicional.
✅ Adoção acelerada da tecnologia. Fintechs, robo-advisors e soluções de IA devem ganhar espaço.
✅ Forte influência ESG, apesar do trumpismo. Empresas brasileiras que incorporam sustentabilidade ao negócio tendem a atrair mais capital dessa nova geração.
A revolução dos investimentos
Segundo o relatório da Multipolitan, 72% dos jovens herdeiros recorrem ao Google para pesquisar investimentos — e o YouTube é a principal plataforma de aprendizado. “O mercado precisa se adaptar. Os consultores financeiros devem alinhar suas estratégias às novas prioridades das gerações herdeiras”, destaca o documento.
Escritórios de gestão de patrimônio já estão implementando:
✅ Robô-advisors e IA para planejamento financeiro.
✅ Blockchain para maior transparência e segurança nas transações.
✅ Portfólios alinhados ao ESG e à transição energética.
Realidade vs. Expectativa
Apesar do otimismo, nem tudo caminha na mesma direção. Dados recentes mostram que a captação de fundos sustentáveis caiu pela metade em 2024, atingindo o menor nível desde 2018.
O que aconteceu?
🔹 Regulamentação rigorosa na União Europeia pressionou reclassificações de fundos.
🔹 Uma onda anti-ESG nos EUA afastou investidores do setor.
Mesmo assim, a Multipolitan aponta que a mudança geracional será decisiva. “Os baby boomers ainda dominam o mercado, mas a nova geração já está influenciando a gestão de patrimônio. Essa transformação é irreversível.” — Dan Marconi, gerente Latam da Multipolitan.
O que esperar?
No Brasil e no mundo, os novos herdeiros querem mais que rentabilidade: buscam impacto, inovação e propósito. A maior transferência de riqueza da história pode redefinir as regras do jogo.