O fato: Um levantamento do Instituto Datafolha divulgado nesta quarta-feira (18) revela um marco inédito na série histórica iniciada em dezembro de 2022: as parcelas de brasileiros que se identificam como petistas ou bolsonaristas agora estão numericamente empatadas. Cada grupo representa 35% da população, segundo os dados colhidos entre os dias 10 e 11 de junho, em entrevistas com 2.004 pessoas. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
O cenário atual evidencia um recuo entre os simpatizantes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e um crescimento proporcional entre os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em abril deste ano, os petistas somavam 39%, quatro pontos acima do percentual atual. No mesmo período, os bolsonaristas eram 31%, quatro pontos abaixo do índice registrado agora. A movimentação aponta para uma reconfiguração do equilíbrio político no país, embora dentro da margem de variação estatística.
Outros 20% dos entrevistados se declararam neutros, escolhendo a posição intermediária entre os dois polos políticos. Já 7% afirmaram não se identificar com nenhum dos grupos e 2% não souberam responder.
Escala ideológica: A metodologia do levantamento foi baseada em uma escala de identificação política que vai de 1 a 5. O número 1 representa o alinhamento máximo com o bolsonarismo, enquanto o número 5 simboliza maior proximidade com o petismo. Os entrevistados que escolheram os números 1 ou 2 foram classificados como bolsonaristas; aqueles que optaram por 4 ou 5 foram categorizados como petistas. Os que se posicionaram no número 3 foram considerados neutros.
Polarização resiliente: Apesar do empate numérico, o levantamento reafirma a manutenção de um quadro político profundamente polarizado no Brasil. Desde o fim das eleições de 2022, as duas correntes se revezam na dianteira da identificação popular, com pequenas oscilações dentro da margem de erro. O avanço recente do bolsonarismo pode refletir o desgaste do governo federal em temas como economia e segurança, mas ainda não altera de forma significativa a estrutura de polarização consolidada desde 2018.
A pesquisa também sinaliza o desafio dos demais atores políticos em furar a bolha ideológica dominante e alcançar os eleitores que não se sentem representados por nenhum dos dois campos. Com 2026 no horizonte, o retrato atual reforça que a disputa presidencial tende a seguir o mesmo script dos últimos ciclos: um embate direto entre Lula e Bolsonaro — ou seus representantes.