O PDB, Partido Digital Bolsonarista: Estudo revela como o bolsonarismo opera fora da lógica dos partidos tradicionais

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👉 O que há de novo:

O bolsonarismo funciona como um “partido digital”, fora das estruturas partidárias formais, com atuação organizada, descentralizada e baseada em lealdades, códigos simbólicos e redes de influência. Na prática, há uma espécie de partido bolsonarista cujo programa é centrado na figura do ex-presidente.

É o que revela um estudo conduzido por três instituições:

  • Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento)
  • CCI (Centro para Imaginação Crítica)
  • DX (Instituto Democracia em Xeque)

A pesquisa analisou durante cinco semanas as redes sociais dos parlamentares do PL, com foco em dois grupos:

  • O núcleo tradicional do Centrão (como Josimar Maranhãozinho e Antônio Carlos Rodrigues)
  • E o núcleo bolsonarista digital, com figuras como Nikolas Ferreira, Eduardo Bolsonaro, André Fernandes, Bia Kicis, Caroline de Toni, Gustavo Gayer e Chris Tonietto.

💡 O que o estudo descobriu

  • O bolsonarismo opera como uma “entidade paralela” ao PL.
  • Funciona como um partido digital autônomo, com estratégia, linguagem e estrutura próprias.
  • Não depende da filiação partidária formal: Bolsonaro apoiou, nas eleições de 2024, candidatos de Republicanos, PRTB, PSD e outros, além dos do próprio PL.
  • É sustentado por uma rede de influenciadores políticos digitais, que articulam, mobilizam e mantêm sua base coesa fora da lógica institucional da política.

🧠 Como funciona o PDB

✔️ Modelo de organização:

  • Baseado nas definições clássicas de partido político de Max Weber e Antonio Gramsci, com foco na disputa de poder — mas sem a formalização típica de um partido tradicional.

✔️ Fronteiras porosas:

  • Atores entram e saem constantemente.
  • O controle é exercido por lealdade pessoal, códigos morais compartilhados e disciplina digital.

✔️ Influenciadores como nós de conexão:

  • Funcionam como mediadores entre o núcleo bolsonarista e a militância digital.
  • São eles quem produzem, traduzem e distribuem as pautas, as narrativas e os códigos simbólicos.

✔️ Sistema de punição simbólica:

  • Quem rompe com o ecossistema é banido — como aconteceu com Santos Cruz, Alexandre Frota e Joice Hasselmann, que sofreram ostracismo, ataques coordenados e invisibilização nas redes.

🔥 O motor: engajamento nas redes

O estudo revela um abismo de engajamento entre bolsonaristas digitais e os deputados tradicionais do PL.

🆚 Engajamento médio por publicação:

  • Josimar Maranhãozinho: 5,2 mil interações
  • Antônio Carlos Rodrigues: 1,3 mil

💣 Bolsonaristas:

  • Nikolas Ferreira: 537,2 mil
  • André Fernandes: 239,2 mil
  • Gustavo Gayer: 213,5 mil

✔️ Diferença não apenas de volume, mas de linguagem, temas e estratégias.

🧭 Pautas e códigos

O que unifica o PDB não são programas ou estatutos, mas:

  • A lealdade pessoal a Bolsonaro.
  • A circulação de símbolos, códigos e narrativas comuns.
  • Pautas com alto poder de mobilização, sobretudo o ataque ao STF e a Alexandre de Moraes, que funcionam como cimento simbólico da militância.

📊 A força nas urnas e fora delas

  • O PL foi o partido com melhor desempenho nas eleições de 2024 em cidades com mais de 200 mil habitantes — justamente onde o bolsonarismo digital é mais forte.
  • Mas a estrutura do PL é usada de forma “hackeada”, segundo os pesquisadores:

— “O PDB utiliza o PL como uma plataforma instrumental. Não há comprometimento com o partido. As lealdades são verticais, para Bolsonaro, não para a legenda.”

✔️ Enquanto o ex-presidente ficou anos sem partido, quem organizava atos, pressionava o Congresso e mobilizava a base eram parlamentares e influenciadores independentes da sigla.

🏗️ Por que isso importa

O estudo confirma:

  • O bolsonarismo não é só uma corrente ideológica. É uma nova arquitetura de partido político, moldada no ambiente digital.
  • Pela primeira vez, o Brasil tem uma direita conservadora capaz de mobilizar massas de forma sustentada, fora das estruturas tradicionais.
  • O PDB é um organismo instável, mas altamente adaptável, que se expande, rompe alianças formais e reposiciona seus códigos conforme o ambiente político.

🔍 Aspas dos pesquisadores:

🎙️ Leonardo Martins Barbosa (Cebrap):

— “O bolsonarismo já nasceu digital. Ele não se encaixa na lógica dos partidos convencionais. É flexível, ágil, e opera de forma distribuída nas redes.”

🎙️ João Guilherme Bastos dos Santos (Democracia em Xeque):

— “Eles hackeiam o partido. O PL é só um veículo instrumental. As verdadeiras lealdades são pessoais, e o controle ocorre pela circulação de símbolos, não por estatuto.”

🚨 O que vem pela frente

✔️ O surgimento de novas lideranças digitais, como Pablo Marçal e até figuras fora da política tradicional, como Gusttavo Lima, mostra que o ecossistema bolsonarista está em permanente mutação.

✔️ A pergunta que fica:

— O sistema político brasileiro é capaz de absorver — ou regular — um partido que não se organiza como partido?

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