Por que importa:
No Focus Colloquium com Dimas Barreira, o presidente do Sindiônibus relata que Fortaleza corre risco real de colapso no transporte coletivo. A cidade transportava 1,1 milhão de passageiros por dia em 2015. Hoje, são apenas 520 mil. Frota envelhecida, subsídio insuficiente e perda contínua de usuários colocam o sistema na beira do abismo.
📉 O retrato da crise
- Queda na demanda: de 1,15 milhão (2015) para 520 mil passageiros/dia (2025).
- Frota reduzida: de 1.904 ônibus (2015) para 1.230, com idade média de 8 anos (antes era 4 anos).
- Envelhecimento visível: há ônibus com 15 anos circulando.
- Custo real da tarifa: seria R$ 7,27 sem subsídio. Hoje, o usuário paga R$ 4,50.
🛑 O risco imediato
“Se houver uma licitação hoje, ela será deserta. Não há mais interesse, porque o negócio se tornou inviável.” — Dimas Barreira
💸 Subsídio atual x necessário:
- Prefeitura paga hoje R$ 14,5 milhões/mês (R$ 12 mi para equilíbrio + R$ 2,5 mi para gratuidade estudantil).
- Mas deveria ser R$ 24,5 milhões/mês, segundo as próprias contas da prefeitura.
➡️ Faltam R$ 10 milhões por mês.
🔥 O efeito dominó:
- A primeira torneira que se fecha é a renovação da frota.
- Manutenção explode.
- Frequência dos ônibus despenca.
- Passageiros migram para motos e aplicativos.
- Trânsito mais caótico, mais acidentes, mais poluição.
➡️ “É um ciclo de deterioração. Quando um prato cai, todos caem.” — Dimas
🚦 Por que isso afeta toda a cidade:
“Sem ônibus, nenhuma cidade funciona. Viaduto em cada esquina não resolve. Um ônibus ocupa 17 vezes menos espaço que um carro.”
Fortaleza, sem metrô estruturante, depende majoritariamente dos ônibus. A fuga para motos e carros já estrangula o trânsito e amplia o número de acidentes.
🧠 O erro histórico:
Dimas admite:
“Eu dizia que tarifa era uma conta técnica. Não é. Tarifa é decisão política.”
O transporte coletivo não é mercado. É infraestrutura pública, como saúde, educação e segurança.
🚍 O caso do TopBus:
- Serviço de ônibus por demanda, único no Brasil.
- Foi pensado como alternativa moderna, inspirado em modelos internacionais.
- Funciona, mas não se sustenta financeiramente.
- Frota de 44 veículos, cada vez mais envelhecida, área de atendimento reduzida.
🏙️ Soluções, segundo Dimas:
- Modelo de financiamento compartilhado: prefeitura, estado e União.
- Custear o serviço por disponibilidade, não por passageiro.
- Fortalecer o transporte coletivo e estimular bicicletas.
“Para cidades até 5 milhões de habitantes, a solução é ônibus + bicicleta.”
🏚️O fundo do poço:
Fortaleza já transporta menos passageiros que no auge da pandemia. Se a curva não for revertida, o colapso é questão de tempo.
“O transporte coletivo é o serviço que dá acesso a todos os outros serviços. Saúde, educação, trabalho… Sem ônibus, a cidade condena os mais pobres à exclusão.” — Dimas Barreira
Assista agora: