Em entrevista ao Focus Colloquium, conduzida pelo jornalista Fábio Campos, o deputado estadual Acrísio Sena (PT) falou sem rodeios sobre os bastidores da eleição interna do PT Fortaleza, a perda de fôlego de Luizianne Lins, o destino dos quadros que ela mesma ajudou a erguer, como o próprio Acrísio e o atual governador, além do contraste entre Elmano de Freitas e Camilo Santana na forma de se relacionar com o partido.
🗺️ Quem Luizianne ergueu, hoje não está mais com ela
Acrísio relembrou que ele próprio, Antônio Carlos — recém-eleito presidente da sigla em Fortaleza com 78% dos votos — e o governador Elmano de Freitas são frutos, em graus diferentes, de uma trajetória construída sob a liderança de Luizianne Lins. Foi como prefeita que Luizianne abriu espaço: Elmano cresceu como sindicalista, presidiu a CUT, virou secretário municipal e se projetou. Mas hoje, observa Acrísio, esse mesmo grupo não permanece com Luizianne, não por brigas internas, mas por falta de leitura política e apoios que não aconteceram.
Para ele, o momento decisivo foi o silêncio de Luizianne no segundo turno que elegeu Evandro Leitão prefeito. Se tivesse se engajado, poderia ter saído da disputa como fiadora da vitória, fortalecido sua base interna e se colocado para desafios maiores, como uma candidatura ao Senado. Não fez. E, segundo Acrísio, na política não há espaços vazios: “Quem não ocupa, perde”. O resultado: o campo popular, formado por lideranças que ela própria ajudou a erguer, hoje domina Fortaleza e se expande no Ceará.
⚙️ Elmano é cria da base; Camilo, não
Questionado por Fábio Campos sobre o que diferencia Elmano de Camilo Santana na costura interna do PT, Acrísio foi direto: Elmano é fruto das correntes, criado na rotina de diretórios, reuniões, disputas e negociações. Foi lançado em 2012, quando Luizianne insistiu em seu nome, mesmo havendo opções mais fortes — uma prova de como esse perfil se moldou na militância. “O Elmano entende essa dinâmica porque nasceu dela”, diz.
Camilo, por sua vez, sempre manteve distância dessa vida orgânica. Nos oito anos como governador, pairava sobre as correntes, confiando ao grupo de José Guimarães a articulação de base. Só depois de deixar o cargo e articular a eleição de Elmano é que Camilo se firmou como referência ainda mais forte, mas sem jamais incorporar o dia a dia do partido na ponta. Para Acrísio, é essa diferença que ajuda a explicar por que o novo campo popular não é apenas uma construção de poder institucional, mas tem lastro de chão de base — algo que Camilo, mesmo respeitado, nunca viveu de verdade.
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