O Pix da histeria à omissão: por que a direita gritou contra o governo e calou diante dos EUA

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O efeito Nikolas Ferreira

Em janeiro de 2025, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL‑MG) viralizou nas redes sociais com um vídeo em que afirma: “O Pix não será taxado, mas não duvido que possa ser” no futuro. Embora não tenha anunciado taxação, sua estratégia foi eficaz: insinuar, sem mentir, que isso poderia ocorrer. O resultado? 300 milhões de visualizações em 2 dias, intensa repercussão entre parlamentares da direita e revogação da norma de fiscalização de transações acima de R$ 5 000 pela Receita  .

A campanha, amplamente celebrada por líderes do PL – como André Fernandes e Gustavo Gayer – reforçou uma narrativa já consolidada: controle social = ameaça à liberdade individual  . A mídia conservadora, claro, coroou Nikolas como herói anti‑“confisco”.

O ataque dos EUA ao PIX

Em 10 de julho de 2025, o então secretário de Comércio dos EUA anunciou uma investigação sobre práticas comerciais brasileiras, incluindo o PIX. Foi mais que retaliação econômica: foi um ataque direto ao sistema que simboliza a soberania e inovação tecnológica do Brasil  .

Segundo o dicionário político, isso chamaria atenção nacional, provocaria indignação generalizada e… mobilização conjunta contra o “inimigo externo”. Mas não foi isso que vimos.

O silêncio desconcertante da direita

Quando a desinformação interna fustigou o PIX, a direita — e seus influenciadores — não hesitou. Mas agora que o sistema está sendo questionado por Donald Trump, reina o silêncio. Nenhuma grande manifestação midiática, nenhum Evergreen tweet com “Brasil acima de tudo”, nenhum grito de denúncia. O que houve?

A resposta parece clara: o inimigo mudou. A narrativa que mobilizou a base — “Pix tributado = controle estatal” — agora confronta uma ameaça real externa e, de novo, seria o governo brasileiro, em última instância, quem decide sobre o PIX. A reação sonolenta é a chancela visível de uma incoerência fundamental.

🔍 Conclusão

  • Internamente, a direita se zangou como se o PIX fosse prenúncio de um confisco. Mobilizou-se pela liberdade.
  • Externamente, quando Trump ameaçou o PIX, o silêncio foi ensurdecedor — como se o que viesse do aliado de fora não merecesse o mesmo medo, a mesma fúria.
  • Conclusão simples: se era errado quando o governo Lula poderia monitorar, então deveria ser tão errado quanto quando os EUA atacam o sistema do país. Mas a retórica seletiva prova que, para essa direita, o PIX só é realmente valioso quando está sob ameaça doméstica, não quando é alvejado como símbolo da autonomia tecnológica do Brasil.

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