
O que houve:
O Banco do Brasil bloqueou um cartão de crédito internacional do ministro Alexandre de Moraes, após os efeitos da Lei Magnitsky. A bandeira não foi confirmada, mas apurações indicam que era americana. O “upgrade” oferecido? Um Elo, a bandeira nacional controlada por BB, Bradesco e Caixa.
Por que importa:
A disputa entre sanções estrangeiras e soberania brasileira escorreu para o bolso do ministro — e virou peça de marketing involuntária do cartão Elo. “Se lá fora não funciona, aqui você tem Elo”, poderia ser o slogan.
O pano de fundo:
- As bandeiras internacionais operam sob a malha regulatória dos EUA.
- O Elo é “made in Brazil” e não depende de autorização de Washington.
- Bancos e CEOs driblaram perguntas diretas, mas soltaram frases cifradas. Milton Maluhy (Itaú) resumiu: “Sempre aparece um risco novo para o sistema financeiro, basta ler os jornais.”
Vá mais fundo:
O episódio expõe um choque curioso: um ministro do STF vira alvo de sanção extraterritorial, e um banco estatal responde com pragmatismo — substitui o cartão proibido por outro sem risco de embargo. A soberania plástica do Elo surge como blindagem contra Washington.
Narrativa invertida:
O que era constrangimento virou propaganda. Se antes o Elo era tratado como cartão “doméstico” e limitado, agora aparece como símbolo de independência. Bravata em forma de plástico: “Seu crédito não precisa de visto.”
O que observar:
- Se outros bancos seguirão a mesma linha, empurrando clientes de alto risco para o Elo.
- O impacto na imagem internacional da bandeira brasileira.
- O uso político do caso: a sanção externa que virou bandeira interna.
No fim, Moraes pode até ter perdido seu cartão de bandeira americana. Mas ganhou, sem querer, o posto de garoto-propaganda do Elo — o cartão que não se curva à Casa Branca.