A disputa no Ceará e os passageiros do carro dirigido por Ciro Gomes

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Ciro Gomes parece já ter se decidido sobre 2026. O ex-ministro está em plena montagem de sua candidatura ao governo do Ceará. As redes sociais já dão sinais de que a engrenagem foi ligada. A dúvida que resta é de legenda: PSDB ou a federação União/PP.

Mas a dúvida não muda o essencial: Ciro está dentro do projeto nacional de Tarcísio de Freitas. Trata-se de um nome absolutamente deglutível para o ex-governador do Ceará.

Vice de Tarcísio?

Muitos no mercvado político ainda ventilam a hipótese de Ciro compor como vice do governador de São Paulo na disputa presidencial. O argumento é forte:

  • sua trajetória mais próxima da centro-esquerda ajudaria a equilibrar a chapa;

  • sua presença daria a Tarcísio um pé no Nordeste, território onde o lulismo tem vencido todas as últimas quatro eleições com ampla vantagem.

Mas a possibilidade é, na prática, improvável.

Em evento social recente, ao ser provocado sobre esse cenário, ouvi a lembrança de uma verdade que atravessa a política cearense: Ferreira Gomes não aceita papel secundário. Ou é protagonista, ou nada.

Tanto que Ciro se comportou ao seu modo nos recentes embates nacionais que envolveram a direita. Não se ouviu até aqui, por exemplo, nenhum manifesto de Ciro relacionado a um tema caríssimo para a direita: a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro. Não que mais adiante isso não possaa ser feito um protesto, se for politicamente necessário. Não será um problema. Será parte do pragmatismo para dar algum grude na surpreendente aliança que sustentará sua candidatura no Ceará.

O foco é o Ceará

A lógica, portanto, é simples: Ciro disputará o governo do Ceará. Fiquem certos: Sua campanha terá como braço direito o ex-prefeito Roberto Cláudio. Os membros do campo da direita vão compor os acessórios fundamentais para garantir massa, o discurso anti-PT, tempo de TV, palanques e recursos de campanha.

Ciro estende a mão à direita cearense. E vice-versa. Isso inclui figuras com quem travou embates duríssimos no passado bem recente, a exemplo do Capitão Wagner. Portanto, uma aliança que tem como pressuposto a arte de engolir velhos e indigestos sapos.

Incoerência? Pode parecer. Mas a explicação veio pronta, na forma de uma anedota política: Leonel Brizola costumava dizer que “os passageiros servem para empurrar o carro quando necessário. O que importa é permanecer na direção”.

O motor da aliança

Se for mesmo candidato a governador, o histórico diz que Ciro comandará seu processo com mão de ferro e muito, muito pragmatismo. Os novos aliados à direita não darão as cartas, mas terão parte de seu discurso asimilado pela candidarura de Ciro, além das vagas na chapa majoritária. Ou seja, vão ajudar a empurar e dar velocidade ao carro. Caso o carro chegue ao destino, a recompensa para esse setor virá na forma da derrota do PT no Ceará e, claro, cargos. Alguns deles, vistosos, mas jamais decisivos na gestão. E, apostem, os coadjuvantes vão ficar muito satisfeitos.

Vá mais fundo

No fundo, a estratégia, se realmente posta em prática, revela a perseverança do estilo político de Ciro: pragmático quando precisa, intransigente quanto ao protagonismo.

  • Para Tarcísio, é um reforço estratégico no Nordeste.

  • Para a direita cearense, uma oportunidade de vingança contra o PT.

  • Para Ciro, mais uma tentativa de se reinventar em meio a sucessivas derrotas.

A cena está posta: Ciro Gomes, mais uma vez, no centro do palco.

Tasso, o velho companheiro

O bom filho à casa torna. Pois é! Ciro e Tasso juntos novamente. Os dois estão conversando como há muito tempo não faziam. A velha dupla formada em meados dos anos 1980 está afinada novamente.

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