A entrevista com Antônio Conin, presidente do PT no Ceará, é imperdível para entender as articulações que se desenham para 2026. Conduzida por Fábio Campos, editor do Focus Poder, com participação do cientista político Emanuel Freitas, a conversa mergulhou no futuro da aliança governista, nos desafios da oposição e no papel do Ceará no tabuleiro nacional.
Governo Elmano como vitrine
Conin destacou o desempenho do atual governador: “Eleições também são plebiscito. Quem governa tem que estar bem avaliado, tem que apresentar resultados. O Elmano hoje tem mais de 70% de aprovação.”
Para ele, a gestão é a primeira linha de defesa do PT: “O governo assegurou as conquistas de Cid e Camilo e está avançando em novas áreas — na saúde, na educação, no combate à fome. Isso nos dá confiança para 2026.”
Segurança pública no centro do debate
Provocado sobre os altos índices de violência, Conin reconheceu o desafio: “Não se enfrenta crime organizado com bravata. É preciso integração, inteligência e investimentos. O Ceará está contratando, estruturando e prendendo chefes do crime.” Ele defendeu ainda a padronização dos indicadores de violência no país: “Cada estado mede de um jeito. A PEC que está no Congresso vai unificar. É fundamental para formular uma política nacional de segurança pública.”

A incógnita da oposição
Sobre a aproximação entre Ciro Gomes, Roberto Cláudio e o bolsonarismo, Conin foi direto: “O 2 mais 2 deles não dá 4. Dá 3, dois e meio. Essa união não é de projeto, é de ressentimento. A população vai perceber.”
E ironizou o dilema oposicionista: “Como é que quem chamava a ditadura Ferreira Gomes de todos os males agora recorre ao próprio Ciro para resolvê-los?”
Nordeste e 2026
Questionado sobre o risco de desgaste do “bônus Nordeste” para o PT, Conin relativizou: “Não vejo tempestade, mas precisamos de atenção. As políticas sociais viraram políticas de Estado, e o desafio agora é apresentar novos projetos estruturantes — transnordestina, transposição do São Francisco, transição energética.” E deixou o recado: “Não podemos depender apenas do Nordeste. O PT precisa ampliar presença no Sudeste e no Sul. Somos um projeto nacional.”
O Focus Colloquium com Conin ajuda a decifrar o tabuleiro eleitoral: um PT que aposta na força do governo Elmano, na renovação da agenda nordestina e nas contradições da oposição. Uma conversa que antecipa as disputas e estratégias de 2026.