“Na guerra, a pessoa só pode ser morta uma vez, mas na política, diversas vezes.”— Winston Churchill
A história não é mera plataforma de feitos e lembranças recolhidos. Ela não se assemelha a um “download” de arquivos esquecidos.
A École des Annales demonstrou que os fatos e as suas circunstâncias ganham importância e significação na medida em que buscamos entendê-los e explicá-los. Já a Escola de Frankfurt mostrou, a seu modo, como podemos moldar os fatos e a realidade histórica segundo explicações apoiadas na retórica, sustentadas por uma dialética convincente.
A Sociedade das Nações, conhecida como Liga das Nações, teve vida breve — como costumam ser os propósitos celebrados entre os homens e as nações. Criada em 1919, às vésperas das grandes guerras, feneceu sem choro nem velas em 1940, quando o mundo ardia em chamas. Assistia-se à morte anunciada do nazismo e ao advento do socialismo em suas mais variadas versões.
Contemporânea das ideologias totalitárias do século XIX/XX, a ideia de uma sociedade internacional ressurgiu das cinzas como Organização das Nações Unidas, a ONU.
Ontem, nesta embaraçosa Assembleia Geral — teria sido convocada para assinalar a sua lenta desconstrução? — dois episódios chamaram a atenção do mundo, ligado em tempo real pela TV e pela web. A escada rolante que deveria conduzir o presidente americano falhou, obrigando-o a subir degrau por degrau. Pouco depois, o teleprompter apagou-se, deixando-o sem roteiro. Restou-lhe improvisar, resgatando velhos propósitos em tom carregado de ironia.
O bom humor presidencial permitiu-lhe rir e fazer rir do despreparo institucional diante dos desafios de um mundo em transe — [alô, Glauber, aquele abraço…].
A polarização resultante do confronto de extremismos militantes expõe, no Brasil e no mundo, a arregimentação de contingentes divididos pelos impulsos incontroláveis do totalitarismo.
As oposições entre esquerda e direita, socialismo e fascismo, se perdem como alternativas improváveis em infinitas variações de interesses. No Brasil, essa fragmentação se traduz na configuração do Parlamento. O que permanece marcante é o ódio, a intolerância e o arbítrio, muitas vezes dissimulados sob o manto da autoridade legal — e a persistente prática da discriminação política.
