O fato:
O Brasil criou 1,3 milhão de vagas formais entre janeiro e julho de 2025, segundo levantamento das economistas Janaína Feijó e Helena Zahar, do FGV Ibre, com base no Novo Caged. Apesar do resultado positivo, o saldo é 10,4% menor do que no mesmo período de 2024, quando haviam sido abertas 1,5 milhão de vagas.
Por que importa:
A desaceleração da geração de empregos reflete o impacto dos juros altos (Selic em 15% ao ano), que esfriam investimentos e adiam contratações. O movimento indica perda de fôlego da economia após anos de recuperação.
Os números:
- Agropecuária: 109,2 mil vagas (↑32,3% vs. 2024).
- Serviços: queda de 14,1% no saldo de contratações.
- Indústria: -13,5%.
- Construção: -11,7%.
- Comércio: -5,4%.
Construção em foco:
O setor contratou 177,3 mil pessoas até julho, mas o saldo foi o mais baixo desde 2020. Foi também a única atividade a registrar desaceleração em relação a 2023 e 2024, indicando perda persistente de dinamismo.
- Gargalo de mão de obra pressiona salários.
- Juros elevados encarecem o financiamento imobiliário e adiam lançamentos.
A fala:
“O que a gente tem é uma desaceleração, e não uma destruição de postos de trabalho”, diz Janaína Feijó.
O que vem pela frente:
- Comércio e serviços podem ganhar impulso no fim do ano pela demanda sazonal.
- Construção deve permanecer em compasso de espera, já que as contratações costumam ser postergadas para o início do ano seguinte.
- Além dos juros, o tarifaço dos EUA em vigor desde agosto adiciona incerteza ao cenário.