foto: Samuel Setubal
O fato: Fortaleza é a segunda capital do país com o maior número absoluto de trabalhadores que utilizam motocicleta para ir ao trabalho, atrás apenas de São Paulo. Segundo dados do Censo 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 110 mil pessoas que vivem e trabalham na capital cearense usam a moto como principal meio de deslocamento.
Contexto: O levantamento “Deslocamentos para trabalho e estudo”, divulgado nesta quinta-feira (9), detalha os principais meios de transporte utilizados pelos brasileiros em seus trajetos diários. Em Fortaleza, o ônibus ainda lidera, sendo o meio preferido de 227 mil trabalhadores (28,41%), seguido pelo carro, usado por 220 mil (27,53%), e pela motocicleta, com 13,75% dos deslocamentos, o equivalente a um em cada sete trabalhadores.
Panorama nacional: O percentual coloca Fortaleza como a 10ª cidade do Brasil com maior adesão ao uso de motos no deslocamento ao trabalho e a 3ª do Nordeste, atrás apenas de Teresina (27,99%) e João Pessoa (16,98%). No total, o Nordeste concentra 3,5 milhões de trabalhadores que utilizam motocicleta para trabalhar, representando 23,93% do total nacional.
Dados locais: O estudo também mostra que 109 mil fortalezenses (13,65%) fazem o percurso a pé, enquanto 56 mil (6,99%) utilizam bicicleta. Meios específicos, como BRTs, vans e peruas, somam cerca de 5 mil usuários. No Ceará como um todo, a motocicleta é o principal meio de transporte dos trabalhadores, sendo utilizada por 31,46% da população ocupada.
Para o Departamento de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Ceará (UFC), o aumento do uso de motos está diretamente relacionado à queda na qualidade e na oferta do transporte coletivo. Dados históricos apontam que, em 2012, a frota de ônibus da capital tinha média de 3,5 anos de uso e transportava 1,2 milhão de passageiros por dia. Hoje, a frota tem idade média superior a 8 anos e transporta apenas 500 mil pessoas.
Impacto: O deslocamento por motocicleta, embora mais acessível, tem elevado o número de acidentes e vítimas fatais. Em 2024, segundo a Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC), 184 pessoas morreram em acidentes nas vias de Fortaleza, 55% eram motociclistas, seguidos por pedestres (32%), ciclistas (8%) e ocupantes de veículos de quatro ou mais rodas (5%).
Diante do cenário, a Prefeitura de Fortaleza anunciou, na última segunda-feira (6), o projeto Faixa Azul, que prevê a implantação de faixas prioritárias para motos em avenidas de grande fluxo, começando pelos bairros Pici e Cocó. O objetivo é melhorar a segurança viária e reduzir o número de acidentes. As faixas, no entanto, não serão exclusivas nem obrigatórias, e os motociclistas deverão seguir todas as normas de trânsito.