
O encontro entre Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, em Kuala Lumpur, foi a cena que poucos imaginariam ver: dois líderes de mundos políticos opostos dividindo uma mesa, 50 minutos de conversa e um tom de respeito mútuo. “Não quero qualquer desavença com os EUA”, disse Lula. Trump respondeu com cortesia: “Tenho muito respeito pelo Brasil e pelo seu presidente.”
O que está em jogo
O diálogo abriu caminho para a retomada imediata das negociações sobre tarifas comerciais, travadas desde o aumento das sanções americanas ao Brasil. Segundo o chanceler Mauro Vieira, “Lula começou dizendo que não havia assunto proibido”. O saldo: Trump prometeu iniciar o processo bilateral “ainda hoje”.
Contexto
As relações haviam se deteriorado após sanções e sobretaxas impostas por Washington, articuladas pelo deputado Eduardo Bolsonaro. O Brasil reagiu, mas as medidas de reciprocidade não chegaram a entrar em vigor. O avanço do julgamento dos atos golpistas e as sanções aplicadas a autoridades brasileiras ampliaram a distância entre os países.
Um gesto político calculado
O encontro, improvável na forma e oportuno no tempo, marca uma tentativa de reaproximação pragmática. Lula falou em “manter a convivência civilizada possível entre Brasil e Estados Unidos”. Trump, que elogiou a trajetória do brasileiro, parece enxergar na trégua uma chance de equilibrar interesses comerciais e políticos em um tabuleiro global cada vez mais tenso.
Vá mais fundo
O gesto tem valor simbólico. Ao se encontrarem “na metade do mundo”, ambos reconhecem que a retórica ideológica dá lugar à diplomacia do interesse mútuo. O reencontro entre dois líderes tão diferentes é menos um aceno de amizade e mais um sinal de que — mesmo em tempos de polarização — a política internacional continua sendo a arte do possível.







