
O que aconteceu
Equipes do Serviço do Patrimônio da União (SPU) chegaram hoje à área da intervenção na praia de Jericoacoara e determinaram o imediato lacre da obra. A ação ocorreu enquanto caminhões, tratores e trabalhadores ainda atuavam no local. Os fiscais chegaram a se reunir no interior de um hotel que vem sendo apontado como beneficiário da irregularidade. Placas e adesivos do SPU foram espalhadas na área com avisos de potenciais crimes de ocupação ilegal.
A obra fica em área federal — patrimônio da União — e, por isso, qualquer intervenção depende de autorização do ICMBio, responsável pelo Parque Nacional. A Prefeitura não apresentou papéis ou placas de licenciamento.
Secretaria do Patrimônio da União, um órgão federal responsável pela gestão dos bens da União, como imóveis, terrenos de marinha e áreas de uso comum do povo.
O pano de fundo
Na véspera do início da alta estação, tratores e caminhões passaram a movimentar areia e pedras em um dos trechos mais nobres e disputados da praia. Sem aviso prévio, sem placa e sem transparência, a obra acendeu o alerta entre moradores e comerciantes.
Pessoas da comunidade ouvidas pelo Focus Poder afirmam que o traçado coincide com interesses antigos de um hotel de alto padrão, acusado há anos de avançar sobre área pública.
O ponto sensível
A Prefeitura chama de “melhoria urbana”.
A comunidade vê outra coisa:
- o desenho e a dimensão lembram pedidos antigos do hotel;
- relatos dão conta de estruturas privadas já ocupando espaço de circulação;
- sem placa, tudo indica que o ICMBio não autorizou a intervenção.
Em vídeo, um operador de trator afirma que ali será construída uma “passarela”. O Focus segue buscando posicionamento da gestão municipal.
Por que importa
Jericoacoara é um dos destinos mais valiosos do país, e qualquer alteração da orla reacende o temor de privatizações veladas ou de obras feitas sob medida para grandes empreendimentos. Conflitos desse tipo não são novidade — mas o episódio ganhou peso pelo avanço em área federal sem licença.
O clima na vila
Moradores relatam apreensão crescente:
- risco de novas restrições ao uso da praia;
- expansão do setor privado sobre áreas coletivas;
- falta de clareza sobre o projeto e seus reais beneficiários.
O que falta
A Prefeitura ainda não apresentou o projeto, nem explicou por que a intervenção coincide com a área de interesse do hotel. Com o lacre do SPU, a comunidade pede:
- a planta completa da obra;
- justificativa técnica;
- e garantia formal de que a área pública será preservada.a
Veja imagens da SPU em Jeri







